quinta-feira, março 15, 2007

Férias em Natal. Episódio 2. O Contraponto



Finalmente chegou dezembro... Os últimos meses desde a decisão haviam sido de grande ansiedade e planos. Quando soube que os maridos tiveram a mesma idéia e se preparavam para ir a Natal, Rita mudou seu intinerário. Nada de nordeste, elas iriam para a Meca da beleza masculina: o Rio de Janeiro.
Luis teve uma reação tipicamente marciana ao saber da viagem da esposa. Sem comentar nada, atacou mais que nunca o Brasil, esquecendo-se de que ia ao mesmo destino.

“Vou por amizade aos gajos. Só por isso!”
“Eu por minha vez, vou para me divertir. Só por isso!”, respondia ela, com a mesma ironia.
Luis tentou de tudo, especialmente ao ver a brochura do hotel em cima da mesa:

“Rio???? Estás fora de si, o que vão lá fazer 3 mulheres sozinhas no meio do tiroteio carioca? Não vês as notícias??”
Rita sabia que, se houvesse alguma tecla tradutora daquela frase, o que ela mostraria é:
“Não quero que você vá para o Brasil por que seu ex-namorado é brasileiro e eu sinto ciúmes.”

“Rio?????? Por que não vão a Paris, é mais perto e vocês mulheres gostam mesmo é de compras, então voi la.”
A tradução...
“Se o tal Adriano já deixava as mulheres com calores ao passar, não quero nem pensar no que vão ver no Rio. Ficas mais segura com os franceses.”

Entretanto, confinado em sua dificuldade em ligar palavras e emoção, Luis simplesmente atacava o país, como se este fosse culpado por seus pesadelos com o tal Adriano.

Luis e seus amigos partiram um dia antes. Na manhã da viagem, ainda tentou dissuadir Rita da “perigosa empreitada”, e só consegui sair irritado com a esposa. Brigaram e mal se despediram. Luis se atrasou, mas antes de embarcar deu um jeito de ligar para casa e se desculpar.

“Desculpe, não quero que viajemos com raiva. Só me prometa que tomará cuidado no Rio, sim?”
“Claro, e você me prometa que tomará cuidado com o Ferrei... quero dizer, me prometa que se comportará.”
“Não preciso de nenhuma brasileira, Rita, tenho a portuguesa mais linda em casa...”

E assim partiram, eles para Natal, e elas felizes no dia seguinte para o Rio de Janeiro.

O vôo até a Cidade Maravilhosa foi tranqüilo, Lúcia dormiu protegida por sua máscara e tampões de ouvido e Rita se entregou à leitura. Tinha consigo “Assim falou Zaratrusta”, de Nietzsche e, claro, o guia turístico do Rio. Sónia mal pregou os olhos, preocupada e triste em deixar os filhos sozinhos com a avó. Suspirava de tempos em tempos, convencendo-se de que essa viagem lhe faria muito bem.

De manhã, não resistiram e sacudiram a amiga que dormia.

“Lúcia, acorde, você não pode perder isto!”

As três perderam as palavras, frente à vista aérea da cidade. Que visão magnífica... A Baía da Guanabara, a orla recortada e o céu.... Simplesmente o céu mais lindo que jamais haviam visto.

Ainda sob o efeito da vista aérea, desceram e pegaram as malas. Logo na alfândega perceberam que apesar do nome em comum, o português que falavam era muito diferente do que ali escutavam, mas tinham confiança na famosa amabilidade brasileira, especialmente com três mulheres sozinhas.

“Estou com uma intuição M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-A sobre esta semana, meninas!” disse Lúcia, de maneira um pouco afetada, enquanto colocava seus óculos escuros Prada. “E o hotel em que vamos ficar. Um L-U-X-O!!! Ana Maria veio com o marido em janeiro e o recomendou com uma especial piscadela para você, Sónia! Segundo Ana, foi a maior concentração de homens lindos que viu na vida!”

Entraram no táxi e mais uma vez a cidade as encantou. A partir do Flamengo nada mais falaram, embasbacadas com a beleza da cidade. Nem a velocidade assustadora do taxista as tirou da contemplação. Em certo momento ouviram do motorista:
“Esta é a praia mais famosa do mundo, Copacabana!”
Rita sentiu um arrepio subir pela coluna, ouvia falar de Copacabana desde que era criança, e ali estava finalmente, respirando sua maresia.

Logo depois o táxi parou:

“R. Farme de Amoedo, senhoras! Ipanema Plaza! Espero que gostem do Rio!”

Continua...

Para checar a versão do Capitão-Mor, clique aqui.

12 comentários:

Paula disse...

E fica assim explicada a aversão que o Luís tem ao Brasil... hum... acho que essa aversão aumentará nos próximos tempos!!

Maríita disse...

Tati,
Está mesmo muito bom, e elas são mulheres modernas e independentes, tal como tem que ser. Esse Ferreira, anda a dar cabo da Rita, mas gostei muito de como o Luís lhe telefona porque não quer partir zangado para Natal.

Beijos

Cláudia disse...

Ai, Jesus, mas ficaram hospedadas logo na Farme de Amoedo? Fervidíssimo, mas reduto gay, pra paquerar não serve mesmo...

Capitão-Mor disse...

Esta série promete! Nunca imaginei que as esposas/companheiras destes arruaceiros fossem tão requintadas...Será o Luís um falso machão? :)

Sofia disse...

Farme ?!?!?!?!? Ahahahhahahah
Aguardo ansiosamente pelo terceiro capítulo e demais personagens ( tenho C-E-R-T-E-Z-A que você vai inlcuir um gay lindíssimo )
Abraços,

Anônimo disse...

Curti mil vezes o seu...rs...esses homens machistas...
Beijos

Carol Escandura

Capitão-Mor disse...

Para você que é filha de português, gostaria de saber a sua opinião sobre o meu post de hoje...
Abraço

Tati disse...

Meninas, não se esqueçam, a Ana Maria indicou o hotel e veio com o marido, não sacou o "movimento"..... mas a Lúcia é esperta e vai sacar logo logo.....

fiquem atentas!!!

Capitão, TODO homem é falso machão!!!! TODO homem diz que manda pros amigos e em casa abaixa a crista! rsrsrs

Beijos

Roberta disse...

1o: Odeio usar um jargão de mulher supostamente mal-amada, mas "homem é tudo machista" mesmo.Mas prefiro esses que tentam disfarçar, pelo menos enchem menos a paciência.
2o: Farme de Amoedo??? hahahaha, só tem gato sarado, rsrsrs

Rubi disse...

Muito bom Tati. E por mais aguardo :)

Breaking disse...

Adorei e agora lá fico eu à espera da próxima semana :)) Entretanto ainda teremos mais uma versão feminina, de Mariita, certo?

Bom fim de semana!

Maríita disse...

Tati,
A minha versão já está publicada, espero que gostes.

Bjs