quinta-feira, dezembro 14, 2006

Óóólha o cotovelo!!!

A Jeca voltou a se sentir urbana!
Numa simples fila de mercado!
Vou explicar...

Aprendi com o passar dos anos, que as pessoas criam seus “espaços de intimidade”, geralmente estabelecidos logo nos cumprimentos.

Se apertamos as mãos, nossa distância é média.
Se nos reverenciamos niponicamente, marcamos um limite grande e pouca intimidade.
Se somos brasileiros, nos beijamos ao dizer oi e tchau, diminuímos bem a distância e explodimos o contador mundial de intimidade. Somos mais abertos que mala velha!
Paulistas dão um, cariocas dois e gaúchos três, mas uma estalada na entrada e outra na saída é uma marca registrada nossa.

Mas mesmo assim há graus para isso.

Paulistano que é paulistano geralmente é mais reservado e preza seu espaço de segurança contra intimidade indesejada. Acostumados com a correria do dia a dia, com a violência e com a crescente individualização dos seres, somos um povo desconfiado, que não gosta de aproximações alienígenas.

Não concorda? Entre em um cinema vazio e sente-se ao lado da única pessoa que está ali, na sessão das 14 hs de terça feira. À medida que você for se aproximando ela já vai te olhar de lado, com o cenho franzido, prender a respiração e GARANTO que estará pensando:

“Esse maluco não vai sentar aqui perto, não, né??? O cinema está vazio!!”

E sim, contra todas as expectativas você se senta ali.
Conto um segundo pra ela disfarçar, pegar a pipoca e correr pra última fileira, onde ninguém mais a veja.

De acordo?

Bom, aqui na roça o lance é bem diferente. Primeiro, faça um teste, aí em Sampa. Ande pela Paulista, ou mesmo pelo shopping do seu bairro e ao invés de passar batido por todos, olhe nos olhos das pessoas, sorria e diga “oi”. Pra todos. Cinco minutos pro segurança do shopping começar a te seguir ou o guarda municipal da Paulista ficar de olho em você.

Aqui, pra eu ir até a farmácia, tenho que dizer “Ó” (sim, aqui não é oi, é “ó”, meio compridinho, “óóó”....) e amarelar um sorrisinho pra pelo menos 10 pessoas. E isso que eu nem sou da cidade, não conheço ninguém, imagina se eu fosse a filha do Chinelo... Aquele movimento "Free Hug" faria o maior sucesso aqui, ninguém teria problemas em abraçar estranhos... (postei o vídeo do movimento abaixo, vale o tempo que leva pra carregar...)

No início eu achava simpático isso, tentei entrar no clima, agora acho tudo meio creepy, se puder, saio de lenço, óculos escuros e se inevitável for, pego o carro pra ir à esquina.

O limite de intimidade também é diferente. Se tivesse cinema bom aqui, certamente eu veria 10 pessoas estranhas amontoadas na mesma fileira!

E a fila do mercado....

A dinâmica do mercado favorece o espaço de intimidade, não? Você fica atrás do seu carrinho, põe suas compras na esteira e fica no final delas, esperando o outro à sua frente acabar. Aí você passa para a frente, e o próximo está ali, bem posicionado, atrás do carrinho dele. Sim?

Não...

Estou eu, linda leve e solta na minha posição, meu carrinho não pode mais me proteger, pois já foi pra frente. Alguém funga no meu pescoço. Sinto o calor do campo energético do ser do meu lado! Três pessoas da mesma Família Tatu já passarm pra frente do carrinho, antes de eu sair! E estão COLADAS em mim!!!!! Eu olho feio, e os três, Sr. Tatu, Sra. Tatu e Tatuzinho sorriem.

Me sinto agredida, violada, quero meus direitos, quero meu espaço de volta. Isso não foi uma vez só, não! Há quase dois anos passo por isso cada vez que vou ao mercado.

Tanto que já desenvolvi uma técnica. Chegou muito perto eu ponho a mão na cintura e aponto o cotovelo na costela do ser. Ainda dou uma quebrada na cintura pra bater mais forte. Bolsa grande também ajuda, e se for comprar vassoura então, o estrago é maior!

Mas a do cotovelo é batata. Tatu´s Family te olha magoada, e dá um passo pra trás.... Mas cuidado, logo eles voltam por isso eu recomendo cotovelo sempre pronto pra agir!

"Óóólha o cotovelo!!!"

Inté!!

9 comentários:

Anônimo disse...

ótimo!!!! Pior é q é assim mesmo.. mas ás vezes nos surpreendemos.. lembro de um dia, eu indo de buzão umas 6 e meia da matina, dormi de sonhar.. acordei babando (literalmente, tinha uma mancha de baba) no ombro de um senhor, daqueles trabalhadores que levam a marmita na mão.. na hora que me dei conta do q tinha acontecido pedi mil desculpas, não sabia onde me esconder e a resposta do tio foi surpreendente, ele disse:"Pode deitar a cabeça no meu ombro menina, pode voltar a dormir, eu não ligo!!" Não sei o q eu faria se a situaçã fosse oposta.. mas esses free huggers podem agir em qualquer lugar do mundo, MENOS EM BERLIN!!!!!!!!!!!!!!
Caia

Anônimo disse...

Tati, sensacional :0)

Você que já fez artes marciais, leva um nunchaco pra treinar na fila do mercado.

Bafo na sua aura nunca mais.

MH disse...

Tenho uma amiga que diz que ela tem lei de zoneamento. E só pessoas de determinadas categorias podem chegar a menos de um braço de distância... É a melhor analogia!!

Eu detesto a mania daqui de até vendedora de loja se despedir com beijinho. Não te conheço, desafasta!!!!!!

MH disse...

amei o vídeo!

Tati disse...

caia, deixa as alemoa abraçarem, aposto que se fosse você, você ia abraçar a Europa toda!!!
Gasta, nunchaco é a melhor idéia EVER!!!! Vou comprar hoje!!!
Mh, adorei a lei de zoneamento. Quem sabe começo a vender talão...
beijos

Cláudia disse...

Tati
o Morumbi é um interiorzão. Como aqui tem uma padaria, uma lanchonete, um shopping, um tudo, é comum a gente encontrar as mesmas pessoas e de tanto ver, achar que já foi apresentada alguma vez na vida.
Eis que um dia estou na padaria da minha rua e vejo uma mulher conhecida:
- oi, acho que te conheço de algum lugar, não? -eu, dando uma de miss simpatia
- eu detesto isso! Essa coisa de todo mundo conhecer todo mundo! Saí do interior justamente pra não passar mais por isso e aqui em São Paulo é a mesma coisa! - respondeu a fina flor.
Ficamos eu e a moça da padaria, que segurando o saco de pão estava e segurando o saco de pão ficou, estáticas, enquanto a fofa pegava o saco da mão dela, virava as costas sem nem dizer obrigada, e saía pisando duro.

Tati disse...

Clau, sei bem o que vc tá falando, eu nasci e saí do Morumbi com 29 anos....Fiz duas escolas, o que aumenta mais ainda o leque de conhecimento.... Trabalhei em uma escola aí também, fiz academia a vida toda aí, Morumbi é um bairo cidade, todo mundo se conhece.....
Vc fez o cmainhi inverso então, saiu do interiro pra Capitarrr.... Lucky u.....
beijo

Anônimo disse...

Oi Tati xD

Gostei Da Cotovelada :P

Do Seu Queridinho Aluno O João :)

Anônimo disse...

oi gostei do seu texto