Aquela semana havia sido corrida na agência. Contas novas entraram e Cláudia fora requisitada para a equipe de todas. Não teve tempo nem de se encontrar com Álvaro, muito menos de pensar na noite que teve com o namorado. Quando parava para dormir, despencava ao travesseiro.
Na quinta feira foi encontrar-se com o namorado, em sua boate. Achou-o mais carinhoso que o normal, o que atribuiu a uma gratidão masculina pelo menage. Ainda assim, sentiu-se incomodada em sua presença, como se ele fosse o culpado por algo estranho nela. Da última vez que falaram disso, ela fingiu ter adorado, não tanto para agradá-lo mas para livrar-se do assunto. Esperava que ele não tocasse mais nisso, e levou a conversa para vários tópicos que o distraíssem do ocorrido.
No meio da noite recebeu uma ligação de Ana, que estava sozinha em casa e queria chamá-la para jantar.
-Estou com o Álvaro, vem pra cá.
Desligou e notou que o namorado escutava com curiosidade.
-Quem vem pra cá?
-A Ana, ela está se sentindo sozinha.
-Você podia ter me perguntado antes.
-Ué, qual o problema? Não chamei ela pra ir a sua casa, mas a uma boate.
Cláudia notou que Álvaro mudou de humor quando mencionou Ana, e não entendeu porque.
Afinal, Ana os havia apresentado e era sua grande amiga.
Logo que ela chegou, Álvaro sumiu. Disse que precisava resolver uns problemas com a equipe e não ficou com elas. Só reaparaceu no final, para levar Claúdia para sua casa. Cumprimentou Ana com desdém e ela sussurrou algo em seu ouvido, que Cláudia não pôde escutar. Conhecendo Ana, ela deveria ter percebido a frieza de Álvaro e deve ter feito algum comentário sarcástico sobre seu humor. Cláudia riu da amiga e foi embora.
No dia seguinte almoçaram juntas, como de costume, pelo menos uma vez por semana.
-E o lance do menage, você ainda pensa nisso?
-Não, já passou, só não quero que Álvaro venha com essas idéias de novo.
-Pudica... Que nada, eu se fosse você é que pedia repeteco, quem sabe ele se assusta com você e desiste?...
-Assusta? Você não conhece o Álvaro, ele topa tudo! Tenho até medo de dar corda.
-Ah, então escancara, sugere outro menage, mas dessa vez do SEU jeito. Chama um go-go boy e faz você, com dois homens.
-ANA, credo, eu lá tenho cara de transar com go-go boy??? A maioria é gay, eu ia ficar chupando o dedo... o meu!
As duas riram, e Ana lembrou de Jonas, seu admirador da agência.
-Chama ele!
-Ana, o Álvaro é maluco, mas acho que tem ali um lado machista bem forte, ele jamais toparia isso.
-Ué, pera lá!!! Você está querendo dizer que VOCÊ toparia???
-Ah, com o Jonas até topava... Só pra ver o Álvaro lidando com a situação. Ia ser no mínimo engraçado.
Ana levantou-se para ir ao banheiro e voltou ao celular. Deteve-se um pouco antes da mesa, de costas para Cláudia, e logo sentou-se para comer a sobremesa. Dividiram um brownie com sorvete e voltaram para o trabalho.
Cláudia teve tempo ainda de passar em uma loja para trocar a blusa que ganhara de aniversário e que tinha estampas demais para seu gosto. Entrando na loja, sentiu o estômago revirar na barriga. A loira estava em sua frente, experimentando um lindíssimo vestido verde, que moldava seu corpo perfeitamente. Um corpo conhecido. Cláudia teve vontade de se virar e fugir, mas petrificada, não se moveu. A loira a avistou, e muito simpática, acostumada com uma intimidade forçada, aproximou-se:
-Não lembro o seu nome, mas lembro do do Álvaro...
-Cláudia, disse depois de pigarrear o que a travava a garganta. Hum, o seu? Eu também não me lembro.
-Rebeca. O que você acha deste vestido?... Muito óbvio?
-Óbvio? Não, acho que não, ficou bem em você.
Rebeca aolhou de soslaio, conhecedora da dinâmica feminina dos clientes.
-Você ficou sem graça com tudo aquilo, né? Geralmente as mulheres ficam mesmo, principalmente quando fazem pelo cara. Não esquenta não, isso acontece com quase todas. A não ser as que já têm experiência com mulheres antes, essas até curtem mais que os maridos.
Cláudia ficou muda, e provavelmente roxa também. Nunca imaginou que ela tocaria nesse assunto, acreditava ser algo como segredo de confessionário, ou sigilo de psicólogo. Rebeca falava com tanta naturalidade, que nem a olhava, checava se sua bunda ficava redonda o suficiente no vestido. De repente, a loira virou-se para Cláudia e disse:
-Sabe, na minha profissão vemos tanta coisa, que muitas meninas acabam saindo só com meninas, tamanha podridão de muitos homens por aí. Você não quer tomar um suco comigo, um dia desses?
Cláudia ainda sob o efeito traumático do encontro não sabia como reagir, e concordou, um dia desses...
Saiu da loja sem trocar a blusa, e voltou para a agência, para sua conta de produtos para gatos, sem a menor idéia para criação.
Respirou aliviada quando se lembrou que não havia trocado telefones com seu novo flerte, mas logo o alívio passou: ela sabia quem era Álvaro, algo que temia desde o primeiro momento...
continua semana que vem, aqui.
8 comentários:
Ai Tati, estou cheia de pena da Cláudia, só lhe saiem mulheres pela frente, e tudo porque ela decidiu agradar ao namorado...se calhar, ela fazia mesmo bem em desistir do Álvaro...
Bem, agora o capitão-mor tem mais trabalho, que será que a Ana vai armar? O que quer a Rebeca? Uma semana parece muito tempo visto daqui!
Beijinhos
Assim de repente não faço a mínima ideia de como irei escrever o próximo episódio. Isto está muito complicado! :)
Eu questiono...qual de nós terá um imaginário mais perverso!
Ui isto está a ficar muito jeitoso. Qual será a ideia do nosso querido capitão? A novela segue dentro de uma semana. Ai, ai.
Bijus
Agora estou a perceber... a duas mãos, e por episódios.
Daqui ainda sai alguma série televisiva.
Abraço do Zé
hummmmmm
isto promete...capitão como vai sair desta?
bom fim de seman
beijos
Oi, Tati
Estou adorando o "folhetim" moderno.
O que será que o capitão vai armar?
Valeu!
Está a ganhar forma, quero ver como se vai ela desembaraçar da Rebeca e da Ana. Será que alguma vai conseguir os seus intentos?
beijinhos
Muito bom... quero ver como é que o Capitão desembrulha este novelo. Força aí! Grande imaginação :)
Postar um comentário