segunda-feira, outubro 30, 2006

Memórias...

Ontem a Jeca foi votar... e tomou uma decisão importante! Não vou levar meu título para a roça, não...
Eu voto em Sampa mesmo, e voto na escola onde estudei até a 8a série... Como há muito tempo não faço mais visitas, aproveito as eleições para matar a saudade... É tão bom voltar no tempo, não? Ontem fiquei até emocionada, subindo a rampa que leva aos corredores... tantas memórias... Nossa, eu fui tão feliz ali e jamais imaginei que um dia fosse valorizar tanto, nao só o espaço, mas também os momentos que passei ali.
De uma variedade enorme de categorias de lembranças, escolhi uma para destrinchar... Nada de bagunças, choros, amigas, ou assombrações... ( a escola é de freiras, as histórias de assombrações são muuuuuuitas), mas sim o tópico que mais agrada as meninas: os meninos!!!

Um canto escondido... um banco de concreto... um menino e uma menina de 11 anos, no recreio... Carioca e Tatiana se chamavam de namorados, mas ainda nem sabiam exatamente o que era isso. Tatiana, já com indicadores de alta complexidade feminina acabava o tal namoro a cada 15 dias... Carioca, se iniciando na arte da compreensão e paciência, a cada 15 dias já sabia que aquele término duraria pouco... Dia seguinte voltavam ao banco de concreto, atrás da 5a série E, para reatar o namoro....

Um corredor isolado das outras salas, era ali que as crianças da 5a E ficavam... Dois meninos, Ricardo e Edgar, sempre duros e mortos de fome, vinham pedir mordidas do lanche da Tatiana, que, sempre faminta, negava. Edgar, alto, bem alto, se ajoelhava pedindo uma migalha da coxinha de frango, e Tatiana descia a mao na orelha dele...

A 6a série B recebe um aluno novo, apelidado imediatamente de Biro Biro, por seus cachos. Walter era seu nome, e ele e Tatiana começam uma amizade à base de brigas, como bons meninos e meninas de 12 anos. Um belo dia, vestida com a saia de educação física, Tatiana briga com Biro Biro, e ao se sentar, perde o equilíbrio e cai da cadeira.... DE PERNAS PRA CIMA.... Flash inesquecível.. Biro Biro apontando para Tatiana jogada no chão, vestida de saia... de pernas pro ar... e ele rindo... rindo.... rindo.....

Em outro corredor, já na 7a C, a Tatiana de 13 anos começa a reparar nos meninos do 1o colegial...Um deles, Luiz, skatista, tinha uma franja que caía no olho, e....já indicando os futuros gostos da Jeca, uma bela representada napa e olhos pequenos....Meninos do colegial e meninas da 7a serie combinam... Afinal, é com os da mesma idade que elas gostam de brigar... Então os corredores da escola passam a ter outra finalidade, outra atmosfera... Quase uma passarela...

É ali que a menina da 7a série se posiciona para o skatista do 1o colegial a notar... Estrategicamente colocada, expressão "não tô nem aí" estrategicamente montada e amigas estrategicamente preparadas..... Tudo tão estrategicamente planejado, que no primeiro encontro no shopping, o segurança pediu para aqueles dois adolescentes irem se beijar lá fora, ali não era lugar pra aquela pouca vergonha...

Segurança estrategicamente alocado...

E então, em um belo dia, uma Tatiana já com 18 anos tem acesso noturno àqueles corredores.De volta ao colegio, depois de uma fase em outros corredores, (maravilhosos e emocionantes também) a moça começa a fazer teatro, sexta feira à noite...

Desta vez, quem chama atenção da futura Jeca não é nenhum daqueles meninos mais velhos que um dia a motivaram a acordar para ir pra escola. Mas um que ela jamais notaria nos áureos anos de 7a série, pois naquela época, ele estava na..... 4a série......

Mas agora os tempos são outros, e uma garota de 18 anos já compreende que alguns meninos de 16 não são assim tão meninos... E, naqueles corredores de piso vermelho e preto, portas de madeira com janelinha de vidro e paredes de tijolinho, o menino/moço e a garota que acaba de tirar carta de motorista iniciam mais uma história, mais uma série de momentos carregados de "adolescência", que ficam impregandos naquele espaço...

Apertar os botões da urna em um lugar tão cheio de lembrancas, em que a cada eleição encontro pessoas que fizeram parte de 9 anos de colégio e mais 2 de teatro, fica até prazeroso...

"O Colégio Pio XII é exempla-ar, continuação do nosso lar......"

Inté!

sexta-feira, outubro 27, 2006

O nariz.....

Pergunta rápida, voltada à comunidade científica: Por que nós, mulheres, temos tamanha tara pela combinação masculina olhos pequenos + nariz grande??? Não me venham com aquela resposta espertinha que faz ligação entre nariz e atributos sexuais, que essa é velha! Tem que haver algo a mais nisso.....
A jeca fica aqui pensando, buscando respostas para esse incrível dilema da vida feminina...
Inté!

terça-feira, outubro 24, 2006

O Rio de Janeiro continua lindo... E eu também....


Este é um post polêmico... Se você é um homem, casado e muito ciumento, que tem enormes dificuldades em aceitar a emancipação (física e afetiva) da sua mulher não leia... Pode dar em divórcio... Se, por outro lado, você é esposa de um ser desses, cuidado... Muita coisa pode mudar... Será que ele aguenta o tranco?......

Bom, nesse fim de semana cheguei a algumas conclusões muito interessantes sobre a relação auto estima e casamento... E descobri que há uma legião de homens profundamente burros (desculpe a sinceridade, eu disse que era polêmico) e ignorantes quando o assunto é mulher.... Não que sejamos um assunto fácil de ser digerido e assimilado, mas alguns pontos são bastante óbvios...

Esses rapazes, banhados por uma grande insegurança, acham que o que eles fazem de melhor para suas esposas é trancafiá-las em casa, impor-lhes sua companhia constante e, para deixá-las com a auto estima "lá em cima", elogiá-la de vez em quando.....

"Nossa, legal essa roupa em você..."

BÉÉÉMMMM!!!!! Errado
Errado e constatado!!!

Eu sei que meu marido me acha linda, afinal, ele se casou comigo. Agora..... Não é bom saber que ele não é o único????
Quem não gosta (e nisso eu incluo ELES também...) de andar pela rua e ver que cabeças viram pra te ver passar????????? Isso mata????? Bom, eu estou bem é viva..... E se isso acontecer na praia, melhor ainda...... E não em qualquer praia..... Ipanema! Pronto, atestei por mais um ano minha auto estima!

Em certas praias, as cabeças virarem ao te verem passar não é mais do que a obrigação das tais cabeças!!!!! Mas em outras, o negócio é diferente....

Ipanema consagrou a famosa Garota... Corpo dourado, cabelos loiros, bunda dura, peito siliconado e média de 23 anos... Aí chega você: paulista, tinta número branca inverno, e todas as características que agregam os 30 anos...... E faz sucesso...... BOOOOOOOMMMMM, auto estima na lua!

Maridos, calma! Garanto que isso os afeta da maneira mais positiva possível... Lembra daquela moça por quem você se apaixonou, e que depois pediu em casamento? Pois é, lá atrás, aquele brilho no olho dela se chamava auto estima! Se esse brilho não é carregado de tempos em tempos (e de várias maneiras, claro), aquela moça que se vestiu de noiva para você vira a matrona que você nunca quis como esposa....

E detalhe: não adianta você estar junto! O código de honra masculino impede a azaração descarada em direção a mulheres acompanhadas! Fato. Além do que, a mulher precisa desses momentos de independência, portanto, fique tranquilo, esse free style só incrementa a auto estima e dá saudades!!!

E é batata! A mulher que se sente desejada, bonita e capaz de ainda parar rodinhas na praia, chega em casa, pro maridão, mais feminina e mais feliz.

E todos ganham! Ela, o marido, e claro, o casamento!!!

(Ps: antes que homens venham bombardear-me com tenho ditos de braveza, já adianto que sou favorável ao inverso também!!! Percebo no olho do Sr. Jeca, quando ele vem de uma saída com os amigos ou até mesmo de uma viagem sozinho, se o ego dele foi massageado.... E agradeço à responsável, por que no fim das contas, sou eu quem saio no lucro!)

Inté!

segunda-feira, outubro 16, 2006

Till death do us part


Hoje é impossível a Jeca não fazer um balanço... dois anos de fase nova, dois anos de casada...
Tanta coisa pra falar, pra refletir, pra traçar pro futuro...
Mas o primeiro que vem à mente é... claro, a festa...

Não acho que haja outro dia para a mulher em que ela seja mais estrela do que quando ela é noiva... (claro, a não ser que ela resolva brincar de cachorrinho enroscado na praia em Cadiz, mas isso não é pra qualquer jeca...) Mesmo no dia em que ela é mãe, pois aí quem brilha é a cria...

Mas enfim... Esse dia foi absolutamente especial... Sol de lascar, fotógrafo te perseguindo, noivo suando de nervoso e você ali, radiante, sem conseguir nem comer de tão eufórica...

Seus melhores amigos todos juntos já valiam uma ocasião memorável em si, mas celebrando um ritual, então... nem se fale...

Nossa festa foi incrível... Tudo deu certo, as pessoas se divertiram horrores, o lugar era mágico e a comida deliciosa... (pelo que disseram, pois a jeca nem sentar sentou...) E sim, foi bem diferente do normal....

A começar pelo que vocês, leitores vêem na foto... O vestido da jeca era vermelho... Cansei do branco, cansei da normalidade... E ainda mais pesquisando, descobri que o branco começou a ser usado pelas novas burguesas vitorianas, que queriam provar que tinham grana suficiente para pagar um vestido a ser usado uma única vez... E que a noiva medieval usava vermelho mesmo, pois é a cor do sangue novo da família que se forma ali... Além de ser a cor do amor e... além de eu definitivamente ficar mais bonita de vermelho do que de branco, claro...

Depois disso o convidado esperava a valsa dos noivos, claro... Mas como o senhor meu noivo não é pé de valsa e sim pé de serra, dançamos um animado forró... Foi delicioso ouvir os "oh!" dos amigos, que não sabiam de nada... E todos vieram dançar felizes da vida, afinal, forró é forró...

E o tempo passou muito rápido, não acreditei que as pessoas estavam indo embora, achava que ainda eram 9 da noite, e já eram quase 4....

Enfim... Inesquecível... Seguida de uma lua de mel espanhola (sem paradas em Cádiz, viu?) e de um início de vida interiorana...

Aí, sim, começou a realidade... A Tatiana virou Jeca, muitas lágrimas de desespero, unidas ao inferno astral do coelho chinês e a uma vassoura..... A família vinha com aquele sorriso malicioso perguntar "como vai a vida de casada?", esperando uma reposta do tipo:

"Maravilhosa, coelhinhos tarados em lua de mel..."

e se deparava com uma cara de

"é... indo".....

Mas o ano do dragão passou, 2005 foi embora, e eu me vesti novamente de rosa na virada, chamando boas energias astrais para meu segundo ano de casada... E deu certo... passou o inferno astral, meu marido respirou aliviado e seguiu ao meu lado, firme e forte... Afinal, se ele me aguentou daquele jeito no primeiro ano, nada mais nos abala....

E a Jeca começa a caminhar mais segura neste desafio que é a vida a dois... Mais confiante que as coisas darão certo e que no fim das contas, estamos na Terra pra ser felizes, não?

Till death do us part? Não sei, mas que seja infinito enquanto dure...

Inté!!

domingo, outubro 08, 2006

Ai, pro...

Eu sou uma pessoa absolutamente feliz com minha escolha profissional! Já fui comissária de bordo, vida glamourosa (pros outros...) e bem remunerada, mas não tinha a realização diária que tenho hoje, dentro de uma sala de aula com pestinhas de 11 anos! adoooooooorooooo!

Entretanto, às vezes me pego fazendo comparações com a aluna que EU fui, com 11 anos.... é tão diferente...

Pra começar, na época, eu estudava em um colégio de freiras! Disciplina, lógico, mas nada que não fosse passível de transgressões...
Lembro que tínhamos um professor de história muito nojento, que cheirava mal, era seboso e falava muito perto da gente! Uma vez, pedi a ele um livro emprestado e junto com um amigo, apagamos toda a numeração das páginas, para testar a maior novidade de época, o liquid paper... ele ficou louco da vida...

Mas fora essas travessuras da idade, havia muito respeito pelo espaço da escola, não nos levantávamos sem pedir, jamais falávamos sem levantar a mão e cantávamos o hino da escola em todos os eventos!

Não lembro de sentir dor... Não tenho lembranças de que estudar doesse...

Acho que os tempos mudaram... e muito...
Acho que as crianças de hoje nasceram com um dispositivo genético que associa imediatamente estudo à dor....

Ai, pro...

É a frase que mais ouço....

"Zézinha, leia a reposta à pergunta 5"

Ai, pro....

"Joaquina, por que coco não é acentuado e cocô é?"

Ai, pro.....

"Pessoal, a tarefa para amanhã..."

AI, PRO!!!!!!!!!!!!!!!

Dor, dor, e muita dor... é isso que eles sentem.... me sinto a encarnação do demo, a alegoria viva de Caronte, o barqueiro do inferno... Ai, pro... Sou o médico da Gestapo, o Freddy Kruger, logo logo vou renascer no lago, como o Jason.... Aí sim, eles vão ter que dizer "Ai, pro"... vou dar motivo....

RBD não dói..... Futebol não dói..... MSN naum doi!!!!!!

Mas enfim... só espero que elas comecem logo a sofrer por amor, a levar uns foras bem levados dos meninos e eles delas, pra ver se essa dor canaliza...

Inté!

segunda-feira, outubro 02, 2006

Renato Russo e Cazuza cantam: A gangue!...

Por mais que eu quisesse deixar o post abaixo em primeiro lugar por um tempo, para que pensássemos mais nos lobos e chapeuzinhos vermelhos da vida, não me contenho e cá estou, de volta ao Jeca Urbana, para falar de um dos assuntos que mais me inflamam, que me deixam alterada, e por consequência, chata: política...

Se você quiser algo mais livre leve e solto vá para o post abaixo, por que esse é resultado de uma ânsia de vômito aguda e à beira de ser crônica...

Acabei de assistir ao Jornal Nacional e quase me queimei no ferro enquanto passava a roupa...
O Renato Russo deve estar reunido com o Cazuza lá no... acho que céu, né?... fazendo um luauzinho básico com trilha sonora especialmente requisitada... Que país é esse???????? Pelo amor de Shiva, gente, que país é esse?

Enquanto Renato Russo canta essa eu fico pensando no Waldemar da Costa Neto comendo churrasquinho de gato, rindo muito às nossas custas, dizendo "aaahhh!!! eu sabia, agora posso acabar de construir o puxadinho lá de casa que não consegui, maldito Roberto Jefferson!!!!"

"Nas favelas, do Senado... Sujeira pra todo lado..."

O João Paulo Cunha dizendo em rede nacional que vai aproveitar a chance do eleitor para "refazer seu caminho..." (se ele fosse mesmo inocente como dizia não precisava refazer caminho nenhum, né?)

"Ninguém respeita a constituição..."

Além disso, dá tempo ainda de imaginar outros da gangue, que voltaram lindos prontos pra mais uma....

"Mas todos acreditam no futuro da Nação..."

Aí o Cazuza pega o pandeirinho e é sua vez... Entoa o tema de uma das melhores novelas que a tv já fez, a Vale Tudo, cuja última cena era o Reginaldo Farias, ladrão, safado, mentecapto, corrupto, fugindo com malas de grana enquanto fazia uma BANANA pro Brasil...

"Brasil, mostra tua cara, quero ver quem paga, pra gente ficar assim....."

E enquanto mato a saudades do Cazuza, vejo a cara do Brasil..... Um Brasil que esqueceu 1992... Esqueceu a mobilização pelo Impeachment, o PC, a Casa da Dinda, o jet ski... Esqueceu que teve um presidente cassado, e.... deu a ele uma vaga no Senado...

"Grande pátria, desimportante..."

Mas até aí, você pode dizer que ele esteve afastado da mídia, a memória popular apagou... Mas e o nosso, a prata da casa, o único, Paulo Maluf?!!!!! Deputado mais votado....... Eu não acredito... De verdade..... esse sim, há pouquíssimo tempo saiu na tv ALGEMADO , passou 40 dias encarcerado, contas e mais contas do meu, do seu, do nosso dinheiro e agora aí... meu, seu, nosso representante......

"Em nenhum instante eu vou te trair..."

E a máxima da nonsense tupiniquim (para me apropriar da outra pérola da mesma novela, Odete Reutman...), o deputado que mostra exatamente quem é o Brasil, mostra exatamente o que queremos para nosso futuro: Clodovil Hernandez....

Sua primeira declaração oficial como terceiro deputado mais votado de nosso civilizadíssimo estado: "Estou ansioso para ver os móveis do meu escritório..."
E agora à noite, a declaração que me tirou dos afazeres de esposa Jeca para desabafar aqui, minha desilusão. (Em resposta à pergunta: "Qual será seu primeiro projeto como deputado?")

*lábios para baixo, sobrancelhas para cima, e mão, sempre desmunhecada para baixo, desta vez desmunheca para cima, ao lado do rosto* - Não sei.... Não sei nem se tem política nesse país...

E isso de um ser humano que já declarou que não consegue viver com menos de 50 mil reais por mês....
A culpa é do pessoal do Pânico, que acabou com a carreira dele na tv!!!

"Brasil!"

Preciso vomitar...
Inté!

"Who´s afraid of the big bad wolf?"

Passei esse final de semana em frente ao power point elaborando uma apresentação sobre Chapeuzinho Vermelho... é incrível como ela é uma personagem atual e viva.... Vivíssima...

Nessa apresentação, a comparo com uma personagem de uma série de livros policiais para adolescentes, já da nossa época, que atua na descoberta de assassinatos e vive enfurnada em uma delegacia à caça de pistas...

Bom, naturalmente, a primeira impressão é que ela não tem nada de Chapeuzinho, não? Afinal, deve estar mais para Kate Mahoney que para menininha ingênua colhendo lindos morangos na floresta...

Não é bem assim... Realmente, ela enfrenta com astúcia as mais complicadas situações, mostra grande inteligência mandando os meninos se meterem nas enrascadas enquanto ela fica confabulando à beira da piscina... É fácil ser inteligente quando não se tem um séquito de bandidos querendo comer seu fígado, mas enfim...

O ponto não é esse... Ao final do livro, ela está sendo asfixiada pelo chefe dos traficantes e chega seu herói, o "gordo", para salvá-la. Como um príncipe, ele a liberta e faz a famosa respiração boca a boca... Ela recobra os sentidos, e mostra para os leitores a face moderna de Chapeuzinho Vermelho, dizendo:

"Delícia, gordinho, faz de novo!"

Até aí, tudo bem, se ele é seu príncipe, né? Mas ele vinha o livro todo a desprezando, namorando uma ruiva infernal da sala ao lado, a fazendo sofrer por amor já aos 11 anos...

"Delícia gordinho faz de novo???????" Fala sério, né?

Vai é reanimar a vovozinha!!!!

Mas tudo bem, nós todas já encarnamos essa capa vermelha moderna um dia, ou não? ou será que fui só eu?

Eu conheci vários lobos, e hoje dou risada do quão abestalhada eu fui, mas lá atrás não era pra rir não... Lembro de um, sem dar nomes aos bois, que ia sempre me ver na porta do colégio, na saída. Um belo dia, depois do carnaval, ele apareceu lindo, queimado de sol, os cabelos compridos e cacheados brilhantes, eu desfilando ele para as minhas amigas... Só faltava o cavalo branco. (que ele trocou por um Alfa Romeo verde...)

Ele, muito carinhoso, começa a me dizer como era bom o carnaval em Fortaleza, sol, praia, e... mulherada!!!!! É, ele me disse assim, na lata, que tinha ficado com várias........

Ah, Jeca, lógico que você virou um tapa na orelha dele e saiu andando, né?...

Bem, mais ou menos... Fiz aquele teatro básico, ele me pegou pelo pulso e teve a manha de inverter, afinal, tinha que entender eu: "era carnaval......"

"Delícia, gordinho, faz de novo..."

Mas a gente aprende... Afinal, como diz minha grande amiga Luli, com a idade não vêm só as rugas...

Depois de um tempo ele tocou a campainha de casa querendo voltar... Nunca esqueço do alívio que foi bater o portão na cara dele..... (ham ham... quer dizer, eu tinha vontade de me jogar pra dentro daquele Alfa Romeo, mas fui forte!)

Outros lobos vieram, alguns morderam mais, outros menos, mas no final, eu soube lidar bem com as feridas...

E a real é, que no fundo no fundo, todas queremos o mistério de andar na floresta, o medo do desconhecido, e as respostas para o "vovozinha, que boca graaande..."

Afinal, depois de um tempo, "who´s afraid of the big bad wolf, big bad wolf, big bad wolf?......."

Inté!