sábado, março 24, 2012

Um shopping. Muito mais que um shopping...

Nostalgia é uma palavra que, geralmente, traz uma ideia de tristeza... Entretanto, nem sempre é assim. Em certos casos, nostalgia tem sabor doce, de mousse da Brunella...

Brunella?

Pois é, hoje estou nostálgica.

Alguns lugares provocam mais esse sensação de me sentir ligada ao passado. De um deles já falei aqui, o Colégio Pio XII, onde estudei até a 8o série e onde voto. Sim, a nostalgia ali é tão saborosa que, após 7 anos no interior, ainda não tenho coragem de mudar meu título. Dia de eleição é dia de lágrimas, de andar pelos corredores, pensar em amores, amigos, mestres...

Outro lugar é, a princípio, menos profundo, ou aparentemente fútil. É um shopping...

"Nossa, eu sempre achei que a Jeca fosse toda simbólica, desligada desse materialismo mundano, e ela me vem com nostalgia de shopping???"

Calma, deixe-me explicar.
Sim, o Shopping Morumbi é um dos lugares que mais me levam ao passado, em que mais me sinto em casa, onde me vejo com 14 anos. Menos, ainda.

São Paulo dos anos 80. Quem viveu sabe. Nossa infância de Chico Anysio Show... Viva o Gordo... Tempo tão maravilhoso que já é até moda. Nós, dessa geração, nos sentimos privilegiados de ter vivido nos anos 80. Os bailinhos ao som de George Michael e B'52. Gel New Wave. Roupa fluorescente da OP, calça da Fiorucci. Sapato e jaqueta da London Fog. Agenda da Workout.

Na era pré matinê do Sirio, Ipê, Up and Down e Blackout, a balada rolava à tarde, no shopping. Cada bairro frequentava o seu. Como no interior, claro. O meu, era o Morumbi.

Vimos o shopping inaugurar e crescer. Das primeiras lojas até o mega complexo que é hoje, foi um longo percurso. Andando por ele, vejo claramente as lojas que já se foram. Vejo a pista de patinação onde hoje é uma imensa praça de alimentação. À frente dela, vejo a DUX, onde eu amava comprar material escolar. Seguindo reto, onde hoje há um corredor de lojas chiquetérrimas, brincávamos no fliperama e no boliche, onde quando eu tinha 12 anos, um doido de uns 30 me assustou, me perseguindo. Até hoje sinto arrepios.
São tantas histórias. Tantas sessões de cinema. Tantos amassos. Tantos encontros e desencontros. Flagras. Fofocas. O povo das escolas do bairro se encontrava ali. Era o point.

Engraçado que ainda hoje, ando pelo shopping olhando para as pessoas, pois sempre encontro algum rosto conhecido. Muitos ainda moram por aqui, e se não moram, voltam, em busca desse açúcar emocional que é voltar à infância. Como eu.

A pista de patinação se foi. A Brunella já não existe mais. Mas ainda há um portal para os saudosos. Uma loja que resistiu ao tempo, à internet, às Mega Stores. Uma loja que viu o shopping crescer à sua volta.

A Billbox.

A loja de discos que se mantem em pé. Adoro passar em frente e sentir o cheiro de passado, quando eu entrava para dedilhar as capas de LP que eu não tinha dinheiro pra comprar. Sempre olho na esperança de ver o vendedor de cabelo comprido e bigodes que era marca registrada da loja. Fico feliz em vê-la sempre cheia.

Minhas vindas a São Paulo têm sido assim. Já afastada do dia a dia da cidade há anos, ela cada vez mais se mostra, pra mim, como o palco de um tempo maravilhoso, cada bairro com um sabor de aventuras diversas, simbólicas de fases, de amigos, de amores vários.

Quem acha que nostalgia é sempre triste, ainda não cresceu para se lambuzar nela...

Inté!

4 comentários:

Rubi disse...

Uma delícia este texto!!! :)

MH disse...

Ah, meus passeios no shopping piracicaba... Hahahaha! E no iguatemi quando vinha a SP, mas o de Pir era meu território. Lá e o clube de campo. Faz anos que nao volto a nenhum dos dois, talvez devesse...

Pedro Ferreira disse...

Oi Jeca! ;)

Lembra do Capitão-Mor? Saudades suas. Acho que está na hora de reatar nossos "diálogos".
Há muita coisa para contar...voltei para Portugal em 2009 e aqui estou eu a viver no Porto.
Qualquer coisa, me envie e-mail para pmsferreira32@gmail.com
Por vezes, também ando por lá no bate-papo.
Diga coisas.
Bjo

Tchuls disse...

Passávamos na frente da obra do Shopping Morumbi todos os dias no caminho da escola, dentro da Brasília branca da mãe de um amigo. Ela prometeu um sorvete no shopping, assim que ele fosse inaugurado. To esperando até hoje...
Um dia cobro.