E lá vou eu de novo..... É incrível como minha vida foi marcada por mudanças radicais. Justo eu, que tenho pavor de mudança....
Muitos aqui já conhecem minha história... Comecei a dar aulas aos 14 anos, quando as mães da turminha de inglês ficavam na janela ouvindo o que aquela fedelha fazia com os filhos delas... A diretora se cansou daquilo e me tirou da turma. Me passou para uma turma de mais velhos. Eu era capaz, ela dizia....
Assim foi até meus 21 anos, quando flaps à esquerda, fui parar no Japão. Comissariando a bordo do maravilhoso Jumbão fiquei por 5 deliciosos anos, que fizeram de mim quem sou e me deixaram amigos mais que especiais.
Radicaliza de novo. Vai dar aula para crianças. Criança MESMO, 2 e 3 anos. Que fase soberba..... Como amei fazer parte da Kinder Kampus, ali aprendi TUDO que sei sobre pedagogia, sobre crianças e sobre o que é ser mãe.... Fiz mais amigas mais que especias.
Mas foi bem difícil. Ainda é, pra ser sincera. Quem é comissária uma vez, será pra sempre. Vira e mexe bate um comichão e vontade de sair pelo mundo, naquela vida louca e nômade. Aí, é só sentir o cheiro do finger de acesso do aeroporto que a vontade vai embora, rapidinho...
Então, casamento, interior, Jeca Urbana, blá, blá, blá, e 7 anos trabalhando com meus adolescentes queridos. Mais uma fase de felicidade. Como aprendi. Mais amigos especiais. Um ambiente de trabalho perfeito. Escola de educadoras, alunos carinhosos, colegas unidos.
Como me sinto privilegiada. Sem falsa modéstia nenhuma, o que fiz, fiz bem, e fui muito feliz. Faria tudo de novo, com a mesma dedicação e com a mesma alegria.
Mas agora, fui picada por um bicho. Na verdade, esse bicho já me havia picado quenaod eu morava em Nova York. lembro de ficar parada em frente a uma loja na Union Square paquerando uma câmera da Canon semi-profissional. "Um dia compro!"
Esse ano comprei. Fui parar em um curso com a intenção de "aprender a mexer naquele trem pra tirar foto da minha família e das minhas viagens!" Period. Só.
Durou pouco essa minha decisão. Rapidinho vi que levava jeito, e que aquilo que eu produzia, eu não queria só pra mim. Não quero só pra mim. Sinto vontade de fotografar o outro PARA o outro. É divina a sensação de ver os olhos de alguém que se achou bem na foto. Ver a pessoa se sentir bela é o meu melhor elogio.
Em Budapeste, fiz umas fotos lindas de um casal se beijando embaixo de um monumento. Hesitei antes de ir embora. Olhei a foto. Fui até eles, na maior cara de pau e pedi o e-mail. A foto era minha, sim, mas eles mereciam tê-la.
Fotografar deixou de ser um prazer pequeno. Virou uma necessidade. E uma profissão.
Hoje anunciei aos meus alunos que esse é meu último como professora deles. Não foi fácil. Eu amo dar aula. Mas amo tanto outras coisas, que não quero ficar presa em um rótulo apenas.
Ouvi esses dias: "Vai mudar de profissão de novo? Vixe, você nao sabe o que quer, né?"
Sei sim. Sei exatamente o que quero. Quero me descobrir. Quero poder dizer pros meus netos que eu fui atrás de cada sonho que eu tive. E sei o que não quero. Não quero viver a vida toda no mesmo lugar.
Não é pra mim.... Se daqui há 10 anos eu resolver ser atriz, se prepara pra me ver na Globo. E feliz.
Mudar radicalmente exige muita coragem. Não sei se sou assim tão corajosa, mas estou empolgada. AMO estudar, e isso me dá a sensação maravilhosa de voltar a ser aluna.
Só estou começando.
Mas sei exatamente aonde quero ir.
Inté!
sexta-feira, novembro 23, 2012
sábado, março 24, 2012
Um shopping. Muito mais que um shopping...
Nostalgia é uma palavra que, geralmente, traz uma ideia de tristeza... Entretanto, nem sempre é assim. Em certos casos, nostalgia tem sabor doce, de mousse da Brunella...
Brunella?
Pois é, hoje estou nostálgica.
Alguns lugares provocam mais esse sensação de me sentir ligada ao passado. De um deles já falei aqui, o Colégio Pio XII, onde estudei até a 8o série e onde voto. Sim, a nostalgia ali é tão saborosa que, após 7 anos no interior, ainda não tenho coragem de mudar meu título. Dia de eleição é dia de lágrimas, de andar pelos corredores, pensar em amores, amigos, mestres...
Outro lugar é, a princípio, menos profundo, ou aparentemente fútil. É um shopping...
"Nossa, eu sempre achei que a Jeca fosse toda simbólica, desligada desse materialismo mundano, e ela me vem com nostalgia de shopping???"
Calma, deixe-me explicar.
Sim, o Shopping Morumbi é um dos lugares que mais me levam ao passado, em que mais me sinto em casa, onde me vejo com 14 anos. Menos, ainda.
São Paulo dos anos 80. Quem viveu sabe. Nossa infância de Chico Anysio Show... Viva o Gordo... Tempo tão maravilhoso que já é até moda. Nós, dessa geração, nos sentimos privilegiados de ter vivido nos anos 80. Os bailinhos ao som de George Michael e B'52. Gel New Wave. Roupa fluorescente da OP, calça da Fiorucci. Sapato e jaqueta da London Fog. Agenda da Workout.
Na era pré matinê do Sirio, Ipê, Up and Down e Blackout, a balada rolava à tarde, no shopping. Cada bairro frequentava o seu. Como no interior, claro. O meu, era o Morumbi.
Vimos o shopping inaugurar e crescer. Das primeiras lojas até o mega complexo que é hoje, foi um longo percurso. Andando por ele, vejo claramente as lojas que já se foram. Vejo a pista de patinação onde hoje é uma imensa praça de alimentação. À frente dela, vejo a DUX, onde eu amava comprar material escolar. Seguindo reto, onde hoje há um corredor de lojas chiquetérrimas, brincávamos no fliperama e no boliche, onde quando eu tinha 12 anos, um doido de uns 30 me assustou, me perseguindo. Até hoje sinto arrepios.
São tantas histórias. Tantas sessões de cinema. Tantos amassos. Tantos encontros e desencontros. Flagras. Fofocas. O povo das escolas do bairro se encontrava ali. Era o point.
Engraçado que ainda hoje, ando pelo shopping olhando para as pessoas, pois sempre encontro algum rosto conhecido. Muitos ainda moram por aqui, e se não moram, voltam, em busca desse açúcar emocional que é voltar à infância. Como eu.
A pista de patinação se foi. A Brunella já não existe mais. Mas ainda há um portal para os saudosos. Uma loja que resistiu ao tempo, à internet, às Mega Stores. Uma loja que viu o shopping crescer à sua volta.
A Billbox.
A loja de discos que se mantem em pé. Adoro passar em frente e sentir o cheiro de passado, quando eu entrava para dedilhar as capas de LP que eu não tinha dinheiro pra comprar. Sempre olho na esperança de ver o vendedor de cabelo comprido e bigodes que era marca registrada da loja. Fico feliz em vê-la sempre cheia.
Minhas vindas a São Paulo têm sido assim. Já afastada do dia a dia da cidade há anos, ela cada vez mais se mostra, pra mim, como o palco de um tempo maravilhoso, cada bairro com um sabor de aventuras diversas, simbólicas de fases, de amigos, de amores vários.
Quem acha que nostalgia é sempre triste, ainda não cresceu para se lambuzar nela...
Inté!
Brunella?
Pois é, hoje estou nostálgica.
Alguns lugares provocam mais esse sensação de me sentir ligada ao passado. De um deles já falei aqui, o Colégio Pio XII, onde estudei até a 8o série e onde voto. Sim, a nostalgia ali é tão saborosa que, após 7 anos no interior, ainda não tenho coragem de mudar meu título. Dia de eleição é dia de lágrimas, de andar pelos corredores, pensar em amores, amigos, mestres...
Outro lugar é, a princípio, menos profundo, ou aparentemente fútil. É um shopping...
"Nossa, eu sempre achei que a Jeca fosse toda simbólica, desligada desse materialismo mundano, e ela me vem com nostalgia de shopping???"
Calma, deixe-me explicar.
Sim, o Shopping Morumbi é um dos lugares que mais me levam ao passado, em que mais me sinto em casa, onde me vejo com 14 anos. Menos, ainda.
São Paulo dos anos 80. Quem viveu sabe. Nossa infância de Chico Anysio Show... Viva o Gordo... Tempo tão maravilhoso que já é até moda. Nós, dessa geração, nos sentimos privilegiados de ter vivido nos anos 80. Os bailinhos ao som de George Michael e B'52. Gel New Wave. Roupa fluorescente da OP, calça da Fiorucci. Sapato e jaqueta da London Fog. Agenda da Workout.
Na era pré matinê do Sirio, Ipê, Up and Down e Blackout, a balada rolava à tarde, no shopping. Cada bairro frequentava o seu. Como no interior, claro. O meu, era o Morumbi.
Vimos o shopping inaugurar e crescer. Das primeiras lojas até o mega complexo que é hoje, foi um longo percurso. Andando por ele, vejo claramente as lojas que já se foram. Vejo a pista de patinação onde hoje é uma imensa praça de alimentação. À frente dela, vejo a DUX, onde eu amava comprar material escolar. Seguindo reto, onde hoje há um corredor de lojas chiquetérrimas, brincávamos no fliperama e no boliche, onde quando eu tinha 12 anos, um doido de uns 30 me assustou, me perseguindo. Até hoje sinto arrepios.
São tantas histórias. Tantas sessões de cinema. Tantos amassos. Tantos encontros e desencontros. Flagras. Fofocas. O povo das escolas do bairro se encontrava ali. Era o point.
Engraçado que ainda hoje, ando pelo shopping olhando para as pessoas, pois sempre encontro algum rosto conhecido. Muitos ainda moram por aqui, e se não moram, voltam, em busca desse açúcar emocional que é voltar à infância. Como eu.
A pista de patinação se foi. A Brunella já não existe mais. Mas ainda há um portal para os saudosos. Uma loja que resistiu ao tempo, à internet, às Mega Stores. Uma loja que viu o shopping crescer à sua volta.
A Billbox.
A loja de discos que se mantem em pé. Adoro passar em frente e sentir o cheiro de passado, quando eu entrava para dedilhar as capas de LP que eu não tinha dinheiro pra comprar. Sempre olho na esperança de ver o vendedor de cabelo comprido e bigodes que era marca registrada da loja. Fico feliz em vê-la sempre cheia.
Minhas vindas a São Paulo têm sido assim. Já afastada do dia a dia da cidade há anos, ela cada vez mais se mostra, pra mim, como o palco de um tempo maravilhoso, cada bairro com um sabor de aventuras diversas, simbólicas de fases, de amigos, de amores vários.
Quem acha que nostalgia é sempre triste, ainda não cresceu para se lambuzar nela...
Inté!
segunda-feira, março 05, 2012
Dia da Condessa
Nestes últimos dias eu ando com o coração um pouco apertado... Apertado de preocupação mesmo, de tristeza e saudades...Fuçando um álbum de fotos, encontrei uma foto antiiiiga, 3x4 de uma professora minha. Uma professora, não. "A" professora. "A" professora em que me inspirei para me tornar, também, professora. A que me inspira ainda hoje. A minha referência. Tanto que, adolescente, guardei uma foto dela... Doido, não?...
Lembrei-me de que ouvi que ela havia tirado uma licença de saúde. Sabe como é, o boato que não é informação mais atrapalha que ajuda. Liguei então no colégio, e descobri que realmente o estado de saúde dela é delicado. Precisei parar por um segundo pra pensar nela. Não da maneira em que sempre penso, como a bela professora de sorriso doce que me ensinou português na 8a série, mas como a linda mulher que agora está passando por uma batalha... E, como preciso escrever pra pensar melhor, aqui estou.
Pra começo de conversa, ela é condessa... Ela sempre me impressionou pelo porte, pelo nome, pela atitude. É condessa mas tem nome de Rainha. Eu, na inocência dos meus 14 anos me abismava em ver que uma mulher tão elegante fosse professora. Sim, eu como vários outros adolescentes via o docente como um velho barrigudo que não teve perspectiva outra na vida. Ela não... Era advogada, estrangeira, linda.... Ela falava e movia as mãos com tanta delicadeza que eu me lembro até hoje de um anel de dedinho que usava, prata com uma pedra preta. Ele dançava em frente aos meus olhos e eu me sentia hpnotizada por ele. Por ela... Mais tarde comprei um anel igual. Usei por anos, talvez buscando matar dela a saudade que uma escola nova me deixou.
Nunca deixei de visitá-la. Minha identificação tinha um motivo, ela também se via em mim. Cada passo que dei mostrei a ela. Ela viu meus poemas. Ela soube quando fiz Letras. Ela me atendeu quando, já colega de trabalho, tinha dúvidas. E mesmo depois de adulta, a cada vez que ligava pra ela, meu coração disparava de ansiedade, e desligava com um nó na garganta. Tipo, ídolo mesmo.
Um dos dias mais felizes da minha vida foi quando, em uma visita na própria escola, ela me disse que sempre quis que eu a substituísse. Ela via em mim sua sucessora... "Pena que você se mudou pra longe, Tati Argeiro."
Nunca esqueci esse elogio. Ela se via em mim? Ela??? Em mim??? Mas ela é o máximo!!!
Ela me ensinou demais. Lembro, sim da letra arredondada dela na lousa. Mas isso não aprendi...
Aprendi com a Condessa que um professor pode mudar a vida de um aluno. Não estou sugerindo que eu cheguei aos pés dela, porque sei que estou longe disso. Mas sei, através de minha relação com ela, que tudo que faço tem força. Aprendi que o que dizemos aos alunos pode ser inesquecível. E que isso é bom demais, mas perigoso demais também. A Condessa nunca usou uma palavra atravessada conosco. Fazia tudo de cima de um salto que só um sobrenome basco consegue ter. Chique. Fina. Humana...
Eu sou a professora que sou por causa dela. Por causa daquele anel que me envolvia em mágica numa sala de aula.
Sem notícias, só posso dar uma choradinha básica enquanto escrevo (mas sem ser choro feio, que não combinaria com ela...) e mandar todas as minhas energias positivas pra que ela se recupere logo. Eu sei que vai ficar boa. E que logo vou poder ligar de novo, pra simplesmente ouvir aquele alô doce e aveludado, falando, surpresa
"Tati Argeeeeiro, que delííícia falar com você!"
Condessa, fica boa logo. Eu já estou com saudades....
Com muito amor
Lembrei-me de que ouvi que ela havia tirado uma licença de saúde. Sabe como é, o boato que não é informação mais atrapalha que ajuda. Liguei então no colégio, e descobri que realmente o estado de saúde dela é delicado. Precisei parar por um segundo pra pensar nela. Não da maneira em que sempre penso, como a bela professora de sorriso doce que me ensinou português na 8a série, mas como a linda mulher que agora está passando por uma batalha... E, como preciso escrever pra pensar melhor, aqui estou.
Pra começo de conversa, ela é condessa... Ela sempre me impressionou pelo porte, pelo nome, pela atitude. É condessa mas tem nome de Rainha. Eu, na inocência dos meus 14 anos me abismava em ver que uma mulher tão elegante fosse professora. Sim, eu como vários outros adolescentes via o docente como um velho barrigudo que não teve perspectiva outra na vida. Ela não... Era advogada, estrangeira, linda.... Ela falava e movia as mãos com tanta delicadeza que eu me lembro até hoje de um anel de dedinho que usava, prata com uma pedra preta. Ele dançava em frente aos meus olhos e eu me sentia hpnotizada por ele. Por ela... Mais tarde comprei um anel igual. Usei por anos, talvez buscando matar dela a saudade que uma escola nova me deixou.
Nunca deixei de visitá-la. Minha identificação tinha um motivo, ela também se via em mim. Cada passo que dei mostrei a ela. Ela viu meus poemas. Ela soube quando fiz Letras. Ela me atendeu quando, já colega de trabalho, tinha dúvidas. E mesmo depois de adulta, a cada vez que ligava pra ela, meu coração disparava de ansiedade, e desligava com um nó na garganta. Tipo, ídolo mesmo.
Um dos dias mais felizes da minha vida foi quando, em uma visita na própria escola, ela me disse que sempre quis que eu a substituísse. Ela via em mim sua sucessora... "Pena que você se mudou pra longe, Tati Argeiro."
Nunca esqueci esse elogio. Ela se via em mim? Ela??? Em mim??? Mas ela é o máximo!!!
Ela me ensinou demais. Lembro, sim da letra arredondada dela na lousa. Mas isso não aprendi...
Aprendi com a Condessa que um professor pode mudar a vida de um aluno. Não estou sugerindo que eu cheguei aos pés dela, porque sei que estou longe disso. Mas sei, através de minha relação com ela, que tudo que faço tem força. Aprendi que o que dizemos aos alunos pode ser inesquecível. E que isso é bom demais, mas perigoso demais também. A Condessa nunca usou uma palavra atravessada conosco. Fazia tudo de cima de um salto que só um sobrenome basco consegue ter. Chique. Fina. Humana...
Eu sou a professora que sou por causa dela. Por causa daquele anel que me envolvia em mágica numa sala de aula.
Sem notícias, só posso dar uma choradinha básica enquanto escrevo (mas sem ser choro feio, que não combinaria com ela...) e mandar todas as minhas energias positivas pra que ela se recupere logo. Eu sei que vai ficar boa. E que logo vou poder ligar de novo, pra simplesmente ouvir aquele alô doce e aveludado, falando, surpresa
"Tati Argeeeeiro, que delííícia falar com você!"
Condessa, fica boa logo. Eu já estou com saudades....
Com muito amor
sábado, fevereiro 25, 2012
A mãe que grita
Este não é exatamente um blog de maternidade, mas sendo o blog de uma mãe, fica aí aberta a possibilidade do tema.
Acredito que seja absolutamente desnecessária toda a filosofia de sala de espera de pediatria que atesta o quanto uma mãe sofre em meio a toda a felicidade que é ter filhos. Todos sabem. Sabem também que finda uma preocupação, outra toma seu lugar, até o dia em que sua filha (ou nora) está aberta na sala de parto, e você suspira pensando:
"Ufa, finalmente eles estão prontos, eu vou curtir minha terceira idade em uma sala de Faculdade de História na Toscana (oops, sonho meu, desculpem...) sem me preocupar com nada!!!"
E então você vê a carinha do seu netinho e percebe que a preocupação não acabou, simplesmente duplicou...
Ou seja: o ciclo é infinito.
Você tem preocupações de todo tamanho: se se alimenta bem, se tem mosquito no quarto, se vai bem na escola... Umas mães se descabelam ao ver que o filho se machucou, e outras que ele não faz amigos como ela acha que ele deveria... Somos todas descabeladas, aceite o fato, ou não.
Mas o que me deixa realmente de coração pulando, é ver o caminho que se apresenta, saber que já o vi antes e me lembrar exatamente do sofrimento que tal percurso causou.
Eu sempre fui uma pessoa altamente extrovertida, do tipo que tinha habilidades claras e louvadas constantemente. Cheia de defeitos, lógico, mas nesse ponto, boa no que decidia fazer.
Minha irmã amada, no entanto, de alma mais instrospectiva (siiim, para que conhece a Caia fica difícil acreditar que ela era tímida, pois hoje é a alma de toda a festa...) demorou para se entender. A sensibilidade é geralmente ofuscada pelo grito...
E eu gritava, e muito...
Em um ponto do caminho, ela quis fazer aula de violão. Em um ponto não, eu tinha já 12 anos. Ela 10!! Longos 10 anos até começarmos a ver o que borbulhava dentro dela.
"Também quero, lógico!!! Vou amar fazer violão!!"
Foi ali que minha mãe, que HOJE entendo que vinha sofrendo para ajudar a caçula a se conhecer, acertou: me chamou de canto e disse:
"Vamos deixar o violão pra Caia? Você já faz outras coisas, vamos deixar que ela descubra algo em que ela brilhe?"
Alguns anos depois, lá estava ela, linda, soberana, cantando em uma banda de forró. Completamente achada... Mas o caminho foi duro... Pra ela, e hoje vejo que talvez tão duro quanto, pra minha mãe...
Como dói ver um filho que sofre por algo que ele próprio desconhece. Vejo minha irmã no Romeo. Vejo meu marido (que passou por algo parecido) no Romeo.
Tenho um filho lindo e sensível, que ainda não sabe que é assim, e que acha que o mundo louva apenas a graça e brilho externo da irmã. E eu um pouco perdida, sem saber como ajudá-lo. Como minha mãe, há tantos anos. Com medo de ele borbulhar demais, e não achar o foco da dor.
Mas enfim... Como escrever faz parte de meu processo de compreensão do mundo, aqui estou... Se não fosse o blog, este texto começaria com "Meu querido Diário", e apenas eu o conheceria. Ficaria borbulhando dentro de páginas fechadas, sem ser gritado...
Aqui ele fica ao vento, pra quem clicar e de alguma maneira nele se achar.
Porque, como já disse acima, eu grito... E grito muito.....
Inté!
Acredito que seja absolutamente desnecessária toda a filosofia de sala de espera de pediatria que atesta o quanto uma mãe sofre em meio a toda a felicidade que é ter filhos. Todos sabem. Sabem também que finda uma preocupação, outra toma seu lugar, até o dia em que sua filha (ou nora) está aberta na sala de parto, e você suspira pensando:
"Ufa, finalmente eles estão prontos, eu vou curtir minha terceira idade em uma sala de Faculdade de História na Toscana (oops, sonho meu, desculpem...) sem me preocupar com nada!!!"
E então você vê a carinha do seu netinho e percebe que a preocupação não acabou, simplesmente duplicou...
Ou seja: o ciclo é infinito.
Você tem preocupações de todo tamanho: se se alimenta bem, se tem mosquito no quarto, se vai bem na escola... Umas mães se descabelam ao ver que o filho se machucou, e outras que ele não faz amigos como ela acha que ele deveria... Somos todas descabeladas, aceite o fato, ou não.
Mas o que me deixa realmente de coração pulando, é ver o caminho que se apresenta, saber que já o vi antes e me lembrar exatamente do sofrimento que tal percurso causou.
Eu sempre fui uma pessoa altamente extrovertida, do tipo que tinha habilidades claras e louvadas constantemente. Cheia de defeitos, lógico, mas nesse ponto, boa no que decidia fazer.
Minha irmã amada, no entanto, de alma mais instrospectiva (siiim, para que conhece a Caia fica difícil acreditar que ela era tímida, pois hoje é a alma de toda a festa...) demorou para se entender. A sensibilidade é geralmente ofuscada pelo grito...
E eu gritava, e muito...
Em um ponto do caminho, ela quis fazer aula de violão. Em um ponto não, eu tinha já 12 anos. Ela 10!! Longos 10 anos até começarmos a ver o que borbulhava dentro dela.
"Também quero, lógico!!! Vou amar fazer violão!!"
Foi ali que minha mãe, que HOJE entendo que vinha sofrendo para ajudar a caçula a se conhecer, acertou: me chamou de canto e disse:
"Vamos deixar o violão pra Caia? Você já faz outras coisas, vamos deixar que ela descubra algo em que ela brilhe?"
Alguns anos depois, lá estava ela, linda, soberana, cantando em uma banda de forró. Completamente achada... Mas o caminho foi duro... Pra ela, e hoje vejo que talvez tão duro quanto, pra minha mãe...
Como dói ver um filho que sofre por algo que ele próprio desconhece. Vejo minha irmã no Romeo. Vejo meu marido (que passou por algo parecido) no Romeo.
Tenho um filho lindo e sensível, que ainda não sabe que é assim, e que acha que o mundo louva apenas a graça e brilho externo da irmã. E eu um pouco perdida, sem saber como ajudá-lo. Como minha mãe, há tantos anos. Com medo de ele borbulhar demais, e não achar o foco da dor.
Mas enfim... Como escrever faz parte de meu processo de compreensão do mundo, aqui estou... Se não fosse o blog, este texto começaria com "Meu querido Diário", e apenas eu o conheceria. Ficaria borbulhando dentro de páginas fechadas, sem ser gritado...
Aqui ele fica ao vento, pra quem clicar e de alguma maneira nele se achar.
Porque, como já disse acima, eu grito... E grito muito.....
Inté!
quinta-feira, fevereiro 02, 2012
E a Jeca nasceu...
Falar da Jeca é sempre muito gostoso, pois já vão aí quase 6 anos de blog, e mesmo que há alguns eu não dê conta de atualizar, não há coragem nenhuma de exterminá-lo.
A Jeca nasceu de uma extensão terapêutica...
Pra entender a Jeca, é importante conhecer um pouco da Tatiana... Pra quem não sabe, eu fui comissária de bordo por algum tempo, lá no passado, e vivia no eixo São Paulo, Nova York, Los Angeles e Tókio. Eu trabalhava em uma companhia japonesa, e vivia de maneira bem cosmopolita.
Meus anseios acadêmicos falaram mais alto, e em 2002 eu parei de voar e voltei a dar aulas.
Ainda na metrópole São Paulo, minha casa desde que nasci, conheci o maridão, que estava de mala prontas para assumir um emprego no interior. Quase roça, diga-se de passagem... Pelo menos era assim, pra mim, quando me mudei pra cá de mala e cuia, em 2005.
Agora, coloque-se no meu lugar: Recém casada, deixei pra trás o agito de SP, a casa da mãe, o emprego, os amigos e até de carro troquei. Fiquei totalmente sem referência nenhuma.
Meu primeiro ano aqui foi terrível. Sem conhecer vivalma na cidade, sem trabalho, e em uma cidade pequena, com pouca estrutura e hábitos um tanto diferentes dos meus. Lembro que em um dia de faxina (era o que me restava) eu vi a vassoura na lavanderia e caí em prantos. Corri pra São Paulo conversar com o professor que no ano seguinte se tornaria meu orientador no mestrado.
"Preciso de movimento. Uma vassoura me fez chorar, eu sou cosmopolita demais pra viver assim!!"
Resultado, voltei pra terapia, comecei meu mestrado e em 2006 comecei a dar aulas na escola onde estou até hoje.
Nesse ano de aclimatação, comecei a escrever sobre minha visão da cidade. Lá no começo da Jeca, o tema era único, a vida de uma pessoa URBANA em uma cidade do interior. Daí, Jeca Urbana.
O maravilhoso do blog, no entanto, foi que (além de conhecer pessoas especiais por aqui) pude, ao longo do tempo, perceber que fui invertendo a ordem do título... A jequice vem tomando conta, e cada vez mais me torno um ser híbrido, que para os paulistanos é caipira e para os daqui, urbana demais...
Inté!
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