domingo, novembro 06, 2011

Uma reacionária na USP...

Oi, eu me chamo Tatiana, e eu fui aluna da FFLCH da USP...
Oi Tatiana.....

Eu entrei pela primeira vez na FFLCH (Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas) em 1995. Aquilo era um sonho, estava pronta para me aprofundar na minha amada literatura e de quebra sairia com a licenciatura de inglês também... Um sonho. Entretanto, os ares me chamaram com força além do esperado, a faculdade não era assim tão excepcional e eu acabei deixando pra trás.
Três anos depois voltei. Em 1998 decidi que inglês tinha sido um lindo caminho até ali (comecei a dar aulas de inglês com 14 anos...) mas que meu coração estava mesmo no seio da Flor do Lácio. Resolvida, sem sonhos idealizados, e já voando, comecei meu percurso ali. Preciso dizer, antes de mais nada, que eu AMEI os anos que passei na USP. Tive colegas maravilhosos, professores fantásticos que me levaram a um Mestrado fenomenal reodeada de discussões profundas. Morro de saudades. Adoraria ter tempo e motivação para fazer meu doutorado, mas não é para já...

Mas não foi pra louvar minha amada FFLCH que estou escrevendo agora. É para demosntrar minha vergonha com relação aos atos pseudo-revolucionários da parcela de estudantes que ainda se sente no direito de brincar de "ditadura"... Só falta eles irem até o Mackenzie birgar com os "burgueses" que representam a "direita" nacional.... Blagh!!! E digo isso com conhecimento de causa.

Conto aí de 1995 até 2008 13 anos de USP, entre graduação e mestrado. Não me lembro mais de quantas greves, ocupações e montes de blá blá blá que presenciei. Lógico que algumas coisas deveriam ser mesmo resolvidas, mas eu nunca fui partidária desse tipo de violência.
Me lembro bem de um figura, que em 1995 já parecia ter uns 40 anos. Moreno, bigodudo, nunca estava em sala de aula, mas vivia agitando Assembleias, manifestações, protestos. Lembro de ter sido IMPEDIDA de ir à aula pois a faculdade estaria FECHADA para discussões sobre eleição de DCE... JURO por todos os orixás e deuses pagãos e não pagãos que esse SER continuava agitando em 2008. Qual a função daquela criatura ali??? Não devia ser mais aluno, já teria sido jubilado há anos... E ali estava ele. Sempre de figurino guerrilheiro, pixando a cada mandato FORAS diversos. Vi pixado FORA FHC, vi pixado FORA LULA, vi pixado FORA PSTU e FORA ALUNOS QUE QUEREM ESTUDAR E SER BONS PROFESSORES. Ok, esse último não chegou a ser pixado, mas que foi pensado foi.

Sempre me senti uma pária ali. Nunca ia às tais Assembleias, cheias de manifestações políticas que dado nosso contexto, não deveriam paralizar aulas. Discutir, sim, lógico, a Universidade sempre foi um berço para as novas ideias, mas será que já não deveríamos ter aprendido com a História a ser mais eficazes em nossas lutas?

NUNCA, em 13 anos de FFLCH, vi uma manifestação que paralizasse a faculdade por melhor formação. NUNCA vi DCE nenhum lutando por mudar a grade da Licenciatura, que é ultrapassada e nos forma mal. JAMAIS fui chamada para refletir o sistema escolar brasileiro, ou proposta alguma que nos tornasse cientistas da educação, e não meros reprodutores de conhecimento. Podem me chamar eles de reacionária, ou de qualquer termo que eles usam enquanto fumam maconha no carro ao invés de assistir às aulas.

Se ser reacionária é estar cansada de FALSA ideologia, sou reacionária... Se ser reacionária é não comprar esse papo de "ainda vivemos uma ditadura capitalisa", sim, guilty as charged. Assim mesmo, em inglês imperialista.

Gostaria de ver uma geração de alunos da FFLCH que me orgulhasse propondo alternativas novas à educação. Que tivesse na faculdade para ESTUDAR, REFLETIR e MUDAR efetivamente a nossa profissão. Eles, aqueles ali, que estão tomando cerveja em um prédio invadido, protestando contra uma parceria com a PM que só AJUDA a Cidade Universitária são os futuros professores do país. Os mesmos que serão sindicalizados a ponto de não aceitarem a melhoria necessária ao currículo das escolas. Os mesmos que vão fazer piquete contra a NECESSÀRIA meritocracia na educação. Os professores que querem, exigem ser valorizados, mas que não perdem uma licença, que não deixam de faltar quando bem entendem e que não querem ser exonerados por maus resultados. Alíás, são os futuros professores que NÃO querem nem ouvir falar de resultados... "E educação é empresa privada??? Resultados??""

SIIIIMMMMM

Resultados, Técnicas. Metodologia. Tudo o que a faculdade hoje não oferece. Então que tal eles mudarem o foco e cobrarem isso?
Quero ver pixado nos muros da FFLCH
"MANIFESTAÇÃO POR UMA EDUCAÇÃO SUECA",
"QUEREMOS AULAS DE METODOLOGIA EFICIENTES!".

Aí sim... Aí eu não preciso dessas sessões de desabafo, aí vou ter certeza de que estaremos em um caminho realmente democrático e maduro... Pois é, maduro....

quarta-feira, novembro 02, 2011

Escola ideal...

Respondendo a um desafio da Mamatraca, resolvi escrever aqui um pouco sobre a tão difícil tarefa da escolha da escola...
Confesso que é bastante difícil escrever sobre isso  por alguns motivos bem óbvios:
Primeiro, sou professora. Professores tendem a sser muito críticos com relação a isso.
Segundo, meus filhos estudam na escola onde dou aulas, então rola todo um lance Apple + Facebook que pode complicar se eu quiser falar do que não acho bom. E eu costumo ver a rosa por trás dos espinhos, então foco sempre no que acho de bom.

Mas vá lá, digamos que eu fosse uma médica aterafada que não tivesse nenhum vínculo com escola alguma. O que a Dra. Tatiana Neurocirurgiã procuraria?

Bom antes de ser neurocirurgiã, a Dra. Tatiana estudou um pouco de pedagogia, e teve contato com duas filosofias que a encantaram. O construtivismo e mais radicalmente, a pedagogia Waldorf... Dentro dessas duas práticas, há algo que agrada bastante a nossa médica, que é o contato maior da criança com seu próprio aprendizado e com a natureza. Em uma escola assim, a aproximação da criança com elementos artísticos é feita de maneira MUITO pensada, desde artes plásticas até a musicalização. A Dra. acha que que a maneira construtivista de se pensar nas atividades, sem interferência escrita do professor, sem margens que comportem os alunos, sem enquadrar nada no processo de descoberta da criança seriam ideais para seus filhos.

Além disso, a escola em que a Dra. matricula seus filhos seria o mais natureba possível... brinquedos de madeira (ahh, se ela voltasse no tempo até tinha se formado profissional de escola Waldorf), festas ligadas à natureza e terra, muita terra. Pais participativos na comunidade escolar levam os ingredientes para que todos façam a granola que será servida no lanche. Biscoitos recheados não precisam ser proibidos, pois a comunidade da escola tem a mesma filosofia, e nem pensa em colocar na lancheira.

Mas eu não sou a Dra. Eu sou professora, e apesar dos problemas, gosto muito da escola onde meus filhos estão. Nasceram lá... Todos me viram grávida, acompanharam cada passo deles, e lá eles são família. Não há escolas construtivistas nem Wladorf na minha cidade. A escola ideal é a minha. É onde meus filhos entram na diretoria com a maior cara de pau para roubar biscoito. É onde as professoras os tratam com carinho e dão o máximo de si para proporcionarem as atividades mais bacanas para as crianças, até se fantasiando de bicho pra fazer teatro. É o lugar que me dá confiança total para que sejam tratados como crianças devem ser tratadas, com respeito e carinho. E para mim, uma grande vantagem que muitas mães sonham em ter: trabalhar no mesmo lugar em que meus filhos crescem. Vê-los a cada intervalo, ter em suas professoras colegas de trabalho e estar presente nos momentos mais importantes não tem preço.

terça-feira, novembro 01, 2011

Saudades...

Escrever, para mim, é um dos atos mais catárticos que tenho disponíveis para elaborar minha visão do mundo. Lendo também me equilibro, mas escrevendo eu me acho.
Fico por vezes em frente à tela em branco visualizando as palavras se formarem, mas nos últimos tempos não dou conta da quantidade dantesca de sensações e ideias que precisam ser acomodadas aqui. Sempre digo que sinto saudades da Jeca. E sinto mesmo. Sinto por que aqui a Tatiana etérea encontra o eco necessário para que a Tatiana de carne e osso continue caminhando. Por vezes releio a série que fiz com o Capitão-mor (blog já finalizado e contato infelizmente perdido) e suspiro melancolicamente relembrando as tardes que passava inserida de cabeça na blogsfera...
Agora os temas me vêm e me fogem. As letras se confundem com os gritos das crianças que me chamam a cada minuto.
Me lembro de uma crônica do Fernando Sabino em que ele começa refletindo sobre sua falta de assunto. Em seguida, entra uma família simples que comemora em uma confeitaria o aniversário da pequena filha com uma fatia de bolo comprada no balcão. Uma cena tão singela, que tirou o escritor do marasmo. Uma cena tão singela, que gerou uma crônica sublime...
Escrevo aqui, hoje, para mim mesma. Para me fazer a promessa de não me abandonar, de não deixar que o pó tome conta desse canto. Aos poucos ele continua capengando, mas vivo.
E viva continua a Jeca... Step by step, letra por letra...