terça-feira, setembro 06, 2011

O Sino

Já vivo há 6 anos no interior. Já me acostumei a muita coisa. Mas muita coisa, mesmo! Já sei que não devo dirigir sem olhar por calçadas ou carros vizinhos para evitar a falta de educação de não cumprimentar um conhecido. Já acho digna a Festa do Caqui, que cresceu muito com o passar do tempo... Já me acostumei com a invasão de turistas no final de semana que nos tiram o sossego... Já uso o "nós" em uma frase como a anterior... Enfim, muita coisa.

Mas ainda me surpreendo com o simples tocar do sino...

Toda cidade dos reinos cristãos se organizaram em torno de sua igrejinha, sede de poder e ponto social. Quase uma "boate" dos antigos... Só que eu cresci em Sampa, e a tal igrejinha ficava bem longe, lá na Sé, e o som de seus sinos jamais chegaram ao Morumbi...

Por isso, associei tal som ao bucolismo dos campos, ou ainda mais longe nas minhas divagações, ao imaginário medieval que Hollywood nos incrustou...

Quem me conhece sabe bem que eu vivo a chamada "nostalgia de passado", que me leva a qualquer leitura ou manifestação artística que possa me fazer sentir no século XIII, XIV...
E o sino faz isso...

Cada vez que passo no centro da cidade ao meio dia ou às seis da tarde sinto cheiro de máquina do tempo. Adoro o badalar do sino da Matriz, é uma pequena gota homeopática de máquina do tempo.

Sinto também uma sensação de identificação coletiva, talvez reminiscente dos meus anos de colégio de freira, tão rechaçados mais tarde na minha vida. O sino nos chama a todos, mesmo àqueles que não entrarão na igreja. Nos chama a parar por um segundo e pensar "que horas serão? Onde estou? Que som gostoso..."

O sino da Matriz é um "wake up call" para um breve momento de introspecção que aprendi fundamental para meu equilíbrio.

Recomendo o sino... Quem sabe se a metrópole não tivesse um por bairro, os seus habitantes seriam menos agitados?

Se não, pelo menos os que têm necessidade de viajar no tempo como eu ficariam mais felizes, brincando de se ver em plena Piazza, esperando os sermões obrigatórios em alguma cidade antiga...

Blén, Blén e Inté!

Um comentário:

Rubi disse...

Amiga (não tem nada a ver com o seu texto)estou gostando que esteja a escrever aqui com regularidade. Beijos