sábado, setembro 03, 2011

Número 300

Meu post número 300.... Travei no teclado...
Entrei para escrever sobre algo bastante típico daqui da minha escolhida jequice, a solidão...
Porém acho que um post marco não deve ser triste, mas sim memorável.
Não, não estou me dispondo a escrever algo tão maravilhoso que se torne memorável para as gerações vindouras, mas sim, fazer uma breve recordação (memória, memorável, hã? hã?) deste espaço que me fez tão feliz...

Comecei aqui para lidar com toda a mudança que me aconteceu ao vir para o interior. Em questão de meses me casei, saí de casa, saí do meu emprego, saí da cidade, saí, saí, saí.... Até de carro eu troquei, e me lembro da querida Tânia me dizendo "Não troque de carro, é sua única referência!"... Ah, tá, no que um carro vai me ajudar? Caí em uma tristeza difícil de aguentar, mesmo com a felicidade do casamento...

Escrever me salvou... (e a terapia, claro)
Criar a Jeca me fez me enxergar melhor, me abriu os olhos para meu crescimento e para a pessoa em que eu estava me tornando. A jeca, sim, mas que se recusava a deixar para trás sua urbanidade. Seu resquício cosmopolita, tão instrínseco à paulistana que viveu em Tóquio e Nova York. Como abrir mão disso?

Com o tempo percebi que não era uma questão de abrir mão de nada, mas sim de incorporar elementos novos, e filtrar antigos. Fico no meio termo. Como uma amada tia argentina que  vive há quase 40 anos no Brasil. Ela se recusou a aprender português, talvez para, assim como eu, não se sentir traindo suas origens, mas deixou de viver o dinamismo de sua língua materna... Criou uma língua própria, quase, e aqui é sempre argentina, enquanto lá, por vezes passa por brasileira... Me vejo nela...

Aqui, sou paulistana, tiram sarro do meu "r" que não enrola e lêem em mim um ar de "ah, ela se acha por que é de São Paulo" que não condiz com o que realmente sou... Mas é assim mesmo.

Lá, já sou meio lerda... Já tiram sarro de mim por que às vezes, na brincadeira, enrolo o "r". Criticam-me pois critico o trânsito, a poluição e os motoboys histéricos que não nos respeitam e a quem também não respeitamos.

Fico no limbo.

Já devo mesmo ser um tanto Jeca. Adoro chegar do trabalho e ir pegar amora, adoro ter que lavar os sapatos das crianças pois estão cheios de terra e adoro ter uma visão 360 graus do sol nascendo.

Mas guardo minha necessidade de movimento urbano. Viajar me acalma, me reconecta. Continuo com a sede de cultura, de um bom museu, de um bom restaurante, de uma caminhada na multidão. Isso me recarrega.

Sei que após tanto tempo sem vir à Jeca, da qual sinto tanta falta quanto hoje sinto da Via Larga, ela está aqui para me ajudar e me pensar.
Aqui sei quem sou.

Inté!

2 comentários:

Anônimo disse...

Sensacional.. acho que vc conseguiu mesmo se resumir! Amei!
Te amo
Caia

Anônimo disse...

Nossa...uma unica palavra pra descrever tudo isso...SHOW! bjs Cu!!!