João sempre foi rock and roll. Desde pequeno mantinha os cachos grandes, pra poder bater a cabeça enquanto ouvia o cd de cantigas que a mãe lhe comprava.
Beth adorava as expressões radicais do filho, ela mesma um pouco radical em sua adoração à arte. Artista Plástica, era a mãe perfeita para liberar as ânsias metaleiras do pequeno João.
Logo começaram os shows. Morando no interior, Beth foi permitindo aos poucos as saídas do filho adolescente. Ela mesma começou levando a São Paulo. Depois, ela mesma fretava a van, e depois ela mesma arrumava os grupos que o levariam às pistas de rock. Sempre o deixava voar, mas ficava à sua espera, e o via chegar, por vezes encharcado de chuva, com um sorriso no rosto, animada pela animação dele.
Até que um dia João comunicou que o passo era mais longo.
"Rock in Rio, mãe. Eu vou."
Sem "ok?" no final da frase. Sem "tá?". Um seco ponto final avisava Beth que chegara a hora do voo solo.
Sentiu a boca seca, mas manteve o semblante sereno que passou a segurança de que João precisava. Sem voz, não fez perguntas.
Na tarde em que o ônibus sairia da Praça da Matriz, Beth perguntou o que ele queria levar de lanche.
"Nada, mãe, eu como antes de sair. Não se preocupa!"
Beth se preocupou. Foi ao mercado e encheu a mochila do filho de bolos "Ana Maria" e caixinhas de Toddynhos, que ele só veria quando batesse a fome. Ao sair de casa, ofereceu-lhe uma manta.
"Que manta, mãe, pelamordedeus, manta??? Eu vou num grupo que nem conheço, só metaleiro, e eu de mantinha?"
"Filho, de madrugada faz frio, leva?..."
"Não."
Ponto final. Aquele, seco, de antes.
Aproximaram-se da praça e avistaram os fãs descoladamente vestidos de preto, cabeludos, com mochilas para a aventura e nenhuma manta nas mãos... João pediu para descer ali mesmo. Não deixou de dar um rápido beijo de despedida em Beth. Era um bom menino.
"Vai, mãe, pode ir. Vai demorar um pouco para sair. Amanhã à noite eu volto. Tchau."
Beth, lógico, não foi. Deu a volta na praça e estacionou em um ponto de onde via o ônibus. Esperou seu pequeno João entrar e só depois partiu.
João só encontrou um lugar vago no ônibus. Sentou-se ao lado de um metaleiro mais velho, grisalho, gordo, barbado. Ainda mantinha os cabelos longos, mesmo que na frente a testa anunciasse que por ali já houvera mais tufos. Olharam-se e com a cumplicidade de dois homens que passarão a noite dormindo lado a lado, cumprimentaram-se com um breve e sisudo balançar de cabeças. Sem palavras. João sentiu frio nas pernas...
No meio da noite, João teve fome. Acordou com o roncar do estômago. Sentiu uma leve esperança de que acharia um resto de biscoito perdido na mochila e intuitivamente a abriu. Sorriu, cheio de ternura pela mãe.
Olhou em volta e abriu silenciosamente o pacote que trazia uma menininha loira comendo um bolinho de chocolate deliciosamente recheado... Em seguida, pegou o leitinho, mas ao rasgar o plástico do canudo, ouviu uma risada de escárnio de seu vizinho.
"Toddynho do Toy Story???"
Tremeu. Viu que a caixinha tinha um enorme Buzz Lightyear quase gritando "Ao infinito... E Aléééém!". Ainda sem respirar, já pensando que seria largado no acostamento, ouviu o companheiro dizer, mostrando-lhe uma outra caixinha, parecida:
"O meu é do Shrek... Minha véia não me deixa sair sem lanche. Boa, a minha coroa."
Riu e terminou seu leite. Seu novo amiguinho também ria, enquanto abria um papel alumínio com bisnaguinhas de sanduíche de atum.
No dia seguinte, voltou ao mesmo lugar na praça, onde viu que o jornal da cidade tirava fotos do grupo de roqueiros que tinha ido ao Rock in Rio. Atrás, Beth acenava de dentro do carro, receosa de aproximar-se e fazer João passar vergonha. Ele atravessou a rua, entrou no carro e lhe beijou.
"Como foi, filho? Deu tudo certo?"
"Deu, mãe. Deu tudo certo..."
Com o carro em movimento, viu seu companheiro de banco atravessar a rua e dar a mochila a uma senhora de vestido florido e chinelas. Viu que ela o beijava enquanto arrumava seu rabo de cavalo amassado da viagem.
Apoiou a cabeça no encosto e disse:
"Mãe, na próxima você me compra uma manta pequena? Das que cabem na mochila, sabe? Nunca imaginei que no Rio de Janeiro ia fazer frio..."
Dedicado a uma amiga maravilhosa que me conta os causos mais deliciosos... Baseado em fatos reais...
sexta-feira, setembro 30, 2011
domingo, setembro 18, 2011
O bailinho
Ouvindo uma música postada por minha querida Rubina, me lembrei de uma das épocas mais mágicas e angustiantes de minha vida. A época dos bailinhos...
Mágica, claro, pela descoberta do universo chamado "meninos", que, (como creio acontecer em toda escola) era liderada sempre por um galã específico que arrasava corações de levas de meninas. No meu caso era assim. Um lindo garoto repetente (os mais velhos são sempre os mais interessantes, e repetente ainda melhor, vem com toda uma pose rebelde...) me fez sofrer muito!
E daí portanto o segundo adjetivo: angustiante. Era angustiante ir aos bailinhos sabendo que o Fulano Sicrano (as iniciais são mera coincidência. Ou não) estaria lá. E pior. Estaria lá para mostrar o prazer que tinha em me humilhar. Sim, ele sabia da minha paixonite, e brincava com ela. Até porque, para todo galã teen há uma "musa do ginasião" que no caso era loira, linda e legal. Não me esqueço da brincadeira tosca que fazíamos, contrariando qualquer defesa da dignidade feminina, em que as meninas ficavam sentadas com as palmas das mãos para cima. Os meninos vinham e batiam na mão da menina com quem queriam dançar.
A cena me aparece nítida até hoje.... Eu, ao lado da tal Joana Penteado (novamente, iniciais puramente coincidentes. Ou não) ambas de palmas para cima. Fulano Sicrano se aproxima, sorri para mim. Meu coração dispara. Ele ameaça me chamar, e ao aproximar a mão da minha, bate na mão dela...... DELA.....
Eu estava de saia branca rodada, camisa polo amarela e bota branca, daquelas que usávamos nos anos 80, com laço, tipo bota Xuxa. Eu estava uma GATA. Juro... Meu cabelo repicado era última moda. E ele escolheu ELA.... (para fins de confessionário, eu bem que me vingava, passando trotes para ele de madrugada. #prontofalei)
A música??? Como esquecer!... Até hoje os acordes iniciais me levam para 1989, praquele salão de festas em um prédio no Brooklin (mais precisamente na esquina da Califórnia com a Padre Antonio José dos Santos) e pra tantos outros salões de prédios de São Paulo em que essa música marcou minhas alegrias e minhas fossas... Ela segue abaixo, e ainda hoje me emociono ao ouví-la.
Nossos bailinhos eram bons demais, mesmo com toda a ansiedade dos primeiros amores. Ou melhor, eram tão bons JUSTAMENTE por causa da ansiedade dos primeiros amores.
E só pra constar, em outro bailinho, em um canto escuro, com a mesma saia e bota (não, nós não tínhamos taaaantas roupas como as adolescentes hoje em dia têm) eu ganhei um beijo do Fulano Sicrano.
E um ano depois, do irmão dele. Só pra dar o troco!!!
E com vocês, Don´t dream, it´s over, diretamente do túnel do tempo...
Mágica, claro, pela descoberta do universo chamado "meninos", que, (como creio acontecer em toda escola) era liderada sempre por um galã específico que arrasava corações de levas de meninas. No meu caso era assim. Um lindo garoto repetente (os mais velhos são sempre os mais interessantes, e repetente ainda melhor, vem com toda uma pose rebelde...) me fez sofrer muito!
E daí portanto o segundo adjetivo: angustiante. Era angustiante ir aos bailinhos sabendo que o Fulano Sicrano (as iniciais são mera coincidência. Ou não) estaria lá. E pior. Estaria lá para mostrar o prazer que tinha em me humilhar. Sim, ele sabia da minha paixonite, e brincava com ela. Até porque, para todo galã teen há uma "musa do ginasião" que no caso era loira, linda e legal. Não me esqueço da brincadeira tosca que fazíamos, contrariando qualquer defesa da dignidade feminina, em que as meninas ficavam sentadas com as palmas das mãos para cima. Os meninos vinham e batiam na mão da menina com quem queriam dançar.
A cena me aparece nítida até hoje.... Eu, ao lado da tal Joana Penteado (novamente, iniciais puramente coincidentes. Ou não) ambas de palmas para cima. Fulano Sicrano se aproxima, sorri para mim. Meu coração dispara. Ele ameaça me chamar, e ao aproximar a mão da minha, bate na mão dela...... DELA.....
Eu estava de saia branca rodada, camisa polo amarela e bota branca, daquelas que usávamos nos anos 80, com laço, tipo bota Xuxa. Eu estava uma GATA. Juro... Meu cabelo repicado era última moda. E ele escolheu ELA.... (para fins de confessionário, eu bem que me vingava, passando trotes para ele de madrugada. #prontofalei)
A música??? Como esquecer!... Até hoje os acordes iniciais me levam para 1989, praquele salão de festas em um prédio no Brooklin (mais precisamente na esquina da Califórnia com a Padre Antonio José dos Santos) e pra tantos outros salões de prédios de São Paulo em que essa música marcou minhas alegrias e minhas fossas... Ela segue abaixo, e ainda hoje me emociono ao ouví-la.
Nossos bailinhos eram bons demais, mesmo com toda a ansiedade dos primeiros amores. Ou melhor, eram tão bons JUSTAMENTE por causa da ansiedade dos primeiros amores.
E só pra constar, em outro bailinho, em um canto escuro, com a mesma saia e bota (não, nós não tínhamos taaaantas roupas como as adolescentes hoje em dia têm) eu ganhei um beijo do Fulano Sicrano.
E um ano depois, do irmão dele. Só pra dar o troco!!!
E com vocês, Don´t dream, it´s over, diretamente do túnel do tempo...
sexta-feira, setembro 16, 2011
O lado ruim
Nem tudo são flores, não é?... Ok, sei que ninguém JAMAIS disse que vida de professor era baseada em felicidades eternas e retribuição constante, mas eu até que sou bem feliz no que faço. Geralmente tenho ótimo relacionamento com os alunos, falo a linguagem deles e como AMO a matéria que leciono, parece que minhas aulas são bacaninhas. Mas tem UMA coisa que me tira do sério...
Não é papo em aula.
Não é o eventual comentário negativo em redes sociais.
Não é o eventual aluno dorminhoco em sala. (coitados, eu até falo mais baixo...)
É a falta de vontade ABSOLUTA que alguns (leia-se MUITOS) alunos têm de ler... A simples menção do próximo livro bimestral causa suspiros profundos de preguiça crônica, que são a maior causa do meu desânimo.
Na minha época (ai, que frase envelhecedora...) ninguém tinha que me mandar ler. Eu simplesmente lia. Lia tudo que caísse em minhas mãos, lia bula de remédio, lia Seleções da empregada, lia "O pacto secreto de Hitler e Stalin", (livro que me deixou marcas profundas pois fiz a burrice de emprestar para a então professora de História e a fulana jamais me devolveu) lia manual de video cassete, de walk man, de fax... (e eu que achava que a frase lá de cima que ia me envelhecer...)
A vontade de se relacionar com algo misterioso parece que sumiu nesta geração. Claro que há excessões, mas mais parece regra. Falta sede de conhecimento, sede de aprofundamento.
Eu me questiono muito sobre a prática da leitura obrigatória na escola. Acredito que numa escola ideal (inserida em um país ideal cuja cultura popular também seria ideal) não haveria obrigatoriedade para se ler. O professor indicaria o livro e discutiria em um sarau com todos, sem notas, sem perguntas, sem cobrança. A única cobrança é que o aluno não falte ao sarau. Tipo clube do livro.
Mas faça a seguinte experiência: após fazer a chamada, olhe para a sala e diga:
"Vou indicar o livro do bimestre, e vai ler apenas quem quiser."
Após um breve momento de vácuo, em que você nota nas pupilas o processamento da informação, você verá as caras de alegria contaminarem o ar.
"É opcional?", "Não PRECISO ler?"
Acabou sua atividade. Tenha certeza que raros serão os alunos que se embrenharão nas letras.
A nota ainda é o maior motivador. E geralmente, pela minha experiência, a própria leitura é feita às pressas com o único intuito de acabar até o dia da prova.
Acabou a fruição, acabou prazer da entrega, acabou o luto pelo livro acabado.
Fico pensando em um adolescente que estou conhecendo. Um tal de Arkádi que um amigo amado chamado Dostoiévski me apresentou, no livro apropriadamente chamado O Adolescente. O menino vive uma crise existencial, repleto de conflitos, buscas de afirmação paterna e questionamentos. Em muito Arkádi se parece com nossos jovens. Ele tem apenas um "algo a mais", que talvez fizesse dele hoje um alien: ele tem um ideal. Ele ambiciona crescer.
Ele tem sede.
Eu tenho medo... Muito medo...
Inté
Não é papo em aula.
Não é o eventual comentário negativo em redes sociais.
Não é o eventual aluno dorminhoco em sala. (coitados, eu até falo mais baixo...)
É a falta de vontade ABSOLUTA que alguns (leia-se MUITOS) alunos têm de ler... A simples menção do próximo livro bimestral causa suspiros profundos de preguiça crônica, que são a maior causa do meu desânimo.
Na minha época (ai, que frase envelhecedora...) ninguém tinha que me mandar ler. Eu simplesmente lia. Lia tudo que caísse em minhas mãos, lia bula de remédio, lia Seleções da empregada, lia "O pacto secreto de Hitler e Stalin", (livro que me deixou marcas profundas pois fiz a burrice de emprestar para a então professora de História e a fulana jamais me devolveu) lia manual de video cassete, de walk man, de fax... (e eu que achava que a frase lá de cima que ia me envelhecer...)
A vontade de se relacionar com algo misterioso parece que sumiu nesta geração. Claro que há excessões, mas mais parece regra. Falta sede de conhecimento, sede de aprofundamento.
Eu me questiono muito sobre a prática da leitura obrigatória na escola. Acredito que numa escola ideal (inserida em um país ideal cuja cultura popular também seria ideal) não haveria obrigatoriedade para se ler. O professor indicaria o livro e discutiria em um sarau com todos, sem notas, sem perguntas, sem cobrança. A única cobrança é que o aluno não falte ao sarau. Tipo clube do livro.
Mas faça a seguinte experiência: após fazer a chamada, olhe para a sala e diga:
"Vou indicar o livro do bimestre, e vai ler apenas quem quiser."
Após um breve momento de vácuo, em que você nota nas pupilas o processamento da informação, você verá as caras de alegria contaminarem o ar.
"É opcional?", "Não PRECISO ler?"
Acabou sua atividade. Tenha certeza que raros serão os alunos que se embrenharão nas letras.
A nota ainda é o maior motivador. E geralmente, pela minha experiência, a própria leitura é feita às pressas com o único intuito de acabar até o dia da prova.
Acabou a fruição, acabou prazer da entrega, acabou o luto pelo livro acabado.
Fico pensando em um adolescente que estou conhecendo. Um tal de Arkádi que um amigo amado chamado Dostoiévski me apresentou, no livro apropriadamente chamado O Adolescente. O menino vive uma crise existencial, repleto de conflitos, buscas de afirmação paterna e questionamentos. Em muito Arkádi se parece com nossos jovens. Ele tem apenas um "algo a mais", que talvez fizesse dele hoje um alien: ele tem um ideal. Ele ambiciona crescer.
Ele tem sede.
Eu tenho medo... Muito medo...
Inté
sábado, setembro 10, 2011
Imaginário Jeca
Acabei de voltar de uma pequena visita frustrada à praia. Fomos tentar ver o sol mas a chuva nos é mais grata... Por conta da simples observação a que o tempo nos obrigou, voltei às minhas divagações tão típicas... Fiquei me alimentando um pouco das sensações que o mar me traz.
Olhando para trás, associo minha vida amorosa às areias e à maresia. Sempre me apaixonei muito na praia. Ouvia aquele clichê básico de que amor de verão não sobe a serra, mas os meus negavam tal premissa.
Meu primeiro namorado me conquistou ali. Foi em Maceió, 1989 (ok, ok, para quem insiste em fazer contas, eu tinha então meros 13 anos...) e foi o inverno mais quente da História. Tudo intenso, a descoberta da paixão, o namorado surfista e todo o estereótipo global desse romantismo brejeiro. Teve até cena de novela das 7 horas: No aeroporto, família já na sala de embraque e eu o puxando para a fila do táxi: Vamos fugir!!! Ele, menos ousado e talvez mais medroso do pai, amarelou. Que pena, hoje eu teria um bom conto para meus filhos...
Só que para melhorar, ele era carioca. Por alguns anos nos reencontramos nas minhas areias prediletas: Ipanema e Leblon. O Rio se tornou, para mim, o centro da paixão, da rebeldia amorosa, da esperança quase hippie do amor eterno. Se não tudo isso, pelo menos o lugar para onde eu ia nas férias dar uns amassos.
Findo este amor, outros à beira mar vieram. Guarujá, Rio, Rio, Rio, Cassino, Los Angeles, Camboriú, Camboriú... (sim, tive minha fase de "argentinos", até que um deles teve a pachorra de vir a São Paulo atrás de mim, enfiado na minha própria casa desafiando meu então nada praiano namorado e meu nada simpático pai... Mas essa doideira é assunto para outro post...)
Areia sempre me trouxe palpitação.
Até que em um feriado de outubro de 2002 um rapagão alto me chamou a atenção... No Guarujá... A visão dele que me fez pensar "hmmmm, óia!" tive enquanto ele caminhava de costas. Hmm, costas largas.... Tatuagem grande na perna. Jipeiro... Roqueiro... Um estilo rebelde sem causa que nunca tinha me atraído. Até aquele momento. Caminhando ao seu lado, com os pés na água, percebi que queria demais estar ao seu lado. E o rebelde virou príncipe...
Nos quase 9 anos que se passaram depois daquele momento, corremos sempre para a praia de novo. É nosso ponto de reencontro, por menos que ele tenha essa consciência. Eu tenho pelos dois.
Nove anos, 2 filhos, outras tatuagens, uma vida construída juntos. E eu ali, sentada olhando o mar e me vendo amadurecer no amor à frente deste cenário tão romântico. Imbuída ainda das sensações de paixão que a vida me proporcionou, e as procurando sempre no meu dia a dia.
A chuva? Ah, que chuva... Tem algo mais romântico que um beijo na chuva? Com o cabelo grudado no rosto, a roupa gelada no corpo e a areia colada na perna? Tá, tá, menos... Acho bom voltar da divagação... Tem uma criança chorando ali porque o irmão tacou uma pá na cabe.... Opa, é meu... Deixa eu ir... A realidade me chama!
Inté!
Olhando para trás, associo minha vida amorosa às areias e à maresia. Sempre me apaixonei muito na praia. Ouvia aquele clichê básico de que amor de verão não sobe a serra, mas os meus negavam tal premissa.
Meu primeiro namorado me conquistou ali. Foi em Maceió, 1989 (ok, ok, para quem insiste em fazer contas, eu tinha então meros 13 anos...) e foi o inverno mais quente da História. Tudo intenso, a descoberta da paixão, o namorado surfista e todo o estereótipo global desse romantismo brejeiro. Teve até cena de novela das 7 horas: No aeroporto, família já na sala de embraque e eu o puxando para a fila do táxi: Vamos fugir!!! Ele, menos ousado e talvez mais medroso do pai, amarelou. Que pena, hoje eu teria um bom conto para meus filhos...
Só que para melhorar, ele era carioca. Por alguns anos nos reencontramos nas minhas areias prediletas: Ipanema e Leblon. O Rio se tornou, para mim, o centro da paixão, da rebeldia amorosa, da esperança quase hippie do amor eterno. Se não tudo isso, pelo menos o lugar para onde eu ia nas férias dar uns amassos.
Findo este amor, outros à beira mar vieram. Guarujá, Rio, Rio, Rio, Cassino, Los Angeles, Camboriú, Camboriú... (sim, tive minha fase de "argentinos", até que um deles teve a pachorra de vir a São Paulo atrás de mim, enfiado na minha própria casa desafiando meu então nada praiano namorado e meu nada simpático pai... Mas essa doideira é assunto para outro post...)
Areia sempre me trouxe palpitação.
Até que em um feriado de outubro de 2002 um rapagão alto me chamou a atenção... No Guarujá... A visão dele que me fez pensar "hmmmm, óia!" tive enquanto ele caminhava de costas. Hmm, costas largas.... Tatuagem grande na perna. Jipeiro... Roqueiro... Um estilo rebelde sem causa que nunca tinha me atraído. Até aquele momento. Caminhando ao seu lado, com os pés na água, percebi que queria demais estar ao seu lado. E o rebelde virou príncipe...
Nos quase 9 anos que se passaram depois daquele momento, corremos sempre para a praia de novo. É nosso ponto de reencontro, por menos que ele tenha essa consciência. Eu tenho pelos dois.
Nove anos, 2 filhos, outras tatuagens, uma vida construída juntos. E eu ali, sentada olhando o mar e me vendo amadurecer no amor à frente deste cenário tão romântico. Imbuída ainda das sensações de paixão que a vida me proporcionou, e as procurando sempre no meu dia a dia.
A chuva? Ah, que chuva... Tem algo mais romântico que um beijo na chuva? Com o cabelo grudado no rosto, a roupa gelada no corpo e a areia colada na perna? Tá, tá, menos... Acho bom voltar da divagação... Tem uma criança chorando ali porque o irmão tacou uma pá na cabe.... Opa, é meu... Deixa eu ir... A realidade me chama!
Inté!
terça-feira, setembro 06, 2011
O Sino
Já vivo há 6 anos no interior. Já me acostumei a muita coisa. Mas muita coisa, mesmo! Já sei que não devo dirigir sem olhar por calçadas ou carros vizinhos para evitar a falta de educação de não cumprimentar um conhecido. Já acho digna a Festa do Caqui, que cresceu muito com o passar do tempo... Já me acostumei com a invasão de turistas no final de semana que nos tiram o sossego... Já uso o "nós" em uma frase como a anterior... Enfim, muita coisa.
Mas ainda me surpreendo com o simples tocar do sino...
Toda cidade dos reinos cristãos se organizaram em torno de sua igrejinha, sede de poder e ponto social. Quase uma "boate" dos antigos... Só que eu cresci em Sampa, e a tal igrejinha ficava bem longe, lá na Sé, e o som de seus sinos jamais chegaram ao Morumbi...
Por isso, associei tal som ao bucolismo dos campos, ou ainda mais longe nas minhas divagações, ao imaginário medieval que Hollywood nos incrustou...
Quem me conhece sabe bem que eu vivo a chamada "nostalgia de passado", que me leva a qualquer leitura ou manifestação artística que possa me fazer sentir no século XIII, XIV...
E o sino faz isso...
Cada vez que passo no centro da cidade ao meio dia ou às seis da tarde sinto cheiro de máquina do tempo. Adoro o badalar do sino da Matriz, é uma pequena gota homeopática de máquina do tempo.
Sinto também uma sensação de identificação coletiva, talvez reminiscente dos meus anos de colégio de freira, tão rechaçados mais tarde na minha vida. O sino nos chama a todos, mesmo àqueles que não entrarão na igreja. Nos chama a parar por um segundo e pensar "que horas serão? Onde estou? Que som gostoso..."
O sino da Matriz é um "wake up call" para um breve momento de introspecção que aprendi fundamental para meu equilíbrio.
Recomendo o sino... Quem sabe se a metrópole não tivesse um por bairro, os seus habitantes seriam menos agitados?
Se não, pelo menos os que têm necessidade de viajar no tempo como eu ficariam mais felizes, brincando de se ver em plena Piazza, esperando os sermões obrigatórios em alguma cidade antiga...
Blén, Blén e Inté!
Mas ainda me surpreendo com o simples tocar do sino...
Toda cidade dos reinos cristãos se organizaram em torno de sua igrejinha, sede de poder e ponto social. Quase uma "boate" dos antigos... Só que eu cresci em Sampa, e a tal igrejinha ficava bem longe, lá na Sé, e o som de seus sinos jamais chegaram ao Morumbi...
Por isso, associei tal som ao bucolismo dos campos, ou ainda mais longe nas minhas divagações, ao imaginário medieval que Hollywood nos incrustou...
Quem me conhece sabe bem que eu vivo a chamada "nostalgia de passado", que me leva a qualquer leitura ou manifestação artística que possa me fazer sentir no século XIII, XIV...
E o sino faz isso...
Cada vez que passo no centro da cidade ao meio dia ou às seis da tarde sinto cheiro de máquina do tempo. Adoro o badalar do sino da Matriz, é uma pequena gota homeopática de máquina do tempo.
Sinto também uma sensação de identificação coletiva, talvez reminiscente dos meus anos de colégio de freira, tão rechaçados mais tarde na minha vida. O sino nos chama a todos, mesmo àqueles que não entrarão na igreja. Nos chama a parar por um segundo e pensar "que horas serão? Onde estou? Que som gostoso..."
O sino da Matriz é um "wake up call" para um breve momento de introspecção que aprendi fundamental para meu equilíbrio.
Recomendo o sino... Quem sabe se a metrópole não tivesse um por bairro, os seus habitantes seriam menos agitados?
Se não, pelo menos os que têm necessidade de viajar no tempo como eu ficariam mais felizes, brincando de se ver em plena Piazza, esperando os sermões obrigatórios em alguma cidade antiga...
Blén, Blén e Inté!
segunda-feira, setembro 05, 2011
É tudo uma questão de técnica...
Como já andei dizendo aos quatro ventos, sinto muita falta de meus momentos de leitura. Sim, sou nerd assumida, leitora fanática e tarada pela letra declarada... Mas tenho pouco tempo.
Além disso, preciso guardar tempo para dividir entre meus livros escolhidos e os que indico aos alunos.
Desta maneira, me viro nos 30, literalmente, para dar conta de tudo e fui arranjando técnicas razoavelmente eficientes para mergulhar nas páginas dos livros. Tenho também que dar conta de uma mania antiga que não consigo largar e que deve ser típica de outros vícios: leio mais de um livro por vez... Dizem que quem bebe também fuma, (entre outras cositas más) então quem lê um lê dois, três, quatro...
Assim, aqui vão algumas táticas que descobri...
1- Mantenha um livro fixo em cada canto da casa.
O meu livro de cabeceira é sempre o favorito, aquele com que quero sonhar. SIM, eu sonhei com a Catarina de Bragança, só não fico falando pra não acentuar minha loucura, mas sonhei sim... Era algo entre ela e o Charles, eu acho que o via a traindo, acordei suada, aflita, etc. Afinal, Catarina se tornou minha amiga, minha BFF, minha "bé", então, peguei birra do sacana do Charles. Cabeceira...
Na sala fica o livro que indico aos alunos, geralmente uma leitura mais fácil que posso interromper por conta dos berros dos filhos, com os inúmeros "mamãe, xixi!", "mamãe, cocô!", "mamãe, xixi E cocô!!!"
E na hora do MEU xixi, do MEU cocô, ali está o terceiro, em cima do cesto de roupa suja, bem em frente ao trono que me iguala à doce Catarina, em bem menos doce posição. O problema é que meu serviço é rápido, já não sou a adolescente travada que um dia fui e que gastava longos minutos no banheiro. Hoje é pá pum... (perdoem o trocadilho escatológico). Ali a categoia é de livro ainda mais rápido, e este, em geral, é algum informativo, pedagógico, que pode ser consultado mais do que exatamente fruido. O que hoje ocupa tal posto nem vou citar, pois é emprestado e a pessoa pode não querer de volta, sei lá...
2- Fuja!
Esta dica parece malvada, interesseira, mas funciona. Quando percebo que os dois estão brincando quietinhos dou uma escapada para algum cômodo da casa de onde ainda posso ouvi-los mas onde eles não me avistam e me permito uns 5 minutos de leitura. Escondida.
Ou então, quando o marido chega e eu vou tomar banho, disfarçadamente apresso o banho para me estirar na cama por mais um ou dois capítulos. Funciona, mas tenho que compensar no banho seguinte qualquer falha no processo higiênico.
3- Faça um bom aproveitamento logístico de espaços temporais vazios.
O nome é difícl mas a técnica é fácil. É só otimizar tempo ocioso. No meu caso, são os 20 minutos que levo para fazer o Romeo dormir à tarde. A Iolanda, como boa representante do gênero feminino é independente e dorme sozinha. Mas o Romeo ainda pede minha presença ao lado e já entendendo a técnica supracitada me diz "mamãe, vai pegar seu livro!" Pronto, 20 minutos de leitura silenciosa, apenas atrapalhada pela pouca iluminação do recinto... (nem tudo são flores...)
Já li em fila de mercado, em intervalo de aula e até mesmo enquanto eles tomam banho...
Isso é o que funciona para mim... Ler na praia é um "no can do"... Mar leva criança de mãe distraída... Ler na rede é outro "yeah, right", especialmente quando se tem filhos que amam a sensação enjoativa de looping...
O único porém é que pode ser um processo um tansto lento... Ainda mais para quem passa longe de loja de roupa mas não resiste às prateleiras da Cultura ou Saraiva. Os títulos se acumulam... Esperam a vez de serem devorados por mim em sua sábia paciência de livros... Estes que aparecem aqui são os da fila.
Tudo por um "fix" literário!
Inté
Além disso, preciso guardar tempo para dividir entre meus livros escolhidos e os que indico aos alunos.
Desta maneira, me viro nos 30, literalmente, para dar conta de tudo e fui arranjando técnicas razoavelmente eficientes para mergulhar nas páginas dos livros. Tenho também que dar conta de uma mania antiga que não consigo largar e que deve ser típica de outros vícios: leio mais de um livro por vez... Dizem que quem bebe também fuma, (entre outras cositas más) então quem lê um lê dois, três, quatro...
Assim, aqui vão algumas táticas que descobri...
1- Mantenha um livro fixo em cada canto da casa.
O meu livro de cabeceira é sempre o favorito, aquele com que quero sonhar. SIM, eu sonhei com a Catarina de Bragança, só não fico falando pra não acentuar minha loucura, mas sonhei sim... Era algo entre ela e o Charles, eu acho que o via a traindo, acordei suada, aflita, etc. Afinal, Catarina se tornou minha amiga, minha BFF, minha "bé", então, peguei birra do sacana do Charles. Cabeceira...
Na sala fica o livro que indico aos alunos, geralmente uma leitura mais fácil que posso interromper por conta dos berros dos filhos, com os inúmeros "mamãe, xixi!", "mamãe, cocô!", "mamãe, xixi E cocô!!!"
E na hora do MEU xixi, do MEU cocô, ali está o terceiro, em cima do cesto de roupa suja, bem em frente ao trono que me iguala à doce Catarina, em bem menos doce posição. O problema é que meu serviço é rápido, já não sou a adolescente travada que um dia fui e que gastava longos minutos no banheiro. Hoje é pá pum... (perdoem o trocadilho escatológico). Ali a categoia é de livro ainda mais rápido, e este, em geral, é algum informativo, pedagógico, que pode ser consultado mais do que exatamente fruido. O que hoje ocupa tal posto nem vou citar, pois é emprestado e a pessoa pode não querer de volta, sei lá...
2- Fuja!
Esta dica parece malvada, interesseira, mas funciona. Quando percebo que os dois estão brincando quietinhos dou uma escapada para algum cômodo da casa de onde ainda posso ouvi-los mas onde eles não me avistam e me permito uns 5 minutos de leitura. Escondida.
Ou então, quando o marido chega e eu vou tomar banho, disfarçadamente apresso o banho para me estirar na cama por mais um ou dois capítulos. Funciona, mas tenho que compensar no banho seguinte qualquer falha no processo higiênico.
3- Faça um bom aproveitamento logístico de espaços temporais vazios.
O nome é difícl mas a técnica é fácil. É só otimizar tempo ocioso. No meu caso, são os 20 minutos que levo para fazer o Romeo dormir à tarde. A Iolanda, como boa representante do gênero feminino é independente e dorme sozinha. Mas o Romeo ainda pede minha presença ao lado e já entendendo a técnica supracitada me diz "mamãe, vai pegar seu livro!" Pronto, 20 minutos de leitura silenciosa, apenas atrapalhada pela pouca iluminação do recinto... (nem tudo são flores...)
Já li em fila de mercado, em intervalo de aula e até mesmo enquanto eles tomam banho...
Isso é o que funciona para mim... Ler na praia é um "no can do"... Mar leva criança de mãe distraída... Ler na rede é outro "yeah, right", especialmente quando se tem filhos que amam a sensação enjoativa de looping...
O único porém é que pode ser um processo um tansto lento... Ainda mais para quem passa longe de loja de roupa mas não resiste às prateleiras da Cultura ou Saraiva. Os títulos se acumulam... Esperam a vez de serem devorados por mim em sua sábia paciência de livros... Estes que aparecem aqui são os da fila.
Tudo por um "fix" literário!
Inté
sábado, setembro 03, 2011
Número 300
Meu post número 300.... Travei no teclado...
Entrei para escrever sobre algo bastante típico daqui da minha escolhida jequice, a solidão...
Porém acho que um post marco não deve ser triste, mas sim memorável.
Não, não estou me dispondo a escrever algo tão maravilhoso que se torne memorável para as gerações vindouras, mas sim, fazer uma breve recordação (memória, memorável, hã? hã?) deste espaço que me fez tão feliz...
Comecei aqui para lidar com toda a mudança que me aconteceu ao vir para o interior. Em questão de meses me casei, saí de casa, saí do meu emprego, saí da cidade, saí, saí, saí.... Até de carro eu troquei, e me lembro da querida Tânia me dizendo "Não troque de carro, é sua única referência!"... Ah, tá, no que um carro vai me ajudar? Caí em uma tristeza difícil de aguentar, mesmo com a felicidade do casamento...
Escrever me salvou... (e a terapia, claro)
Criar a Jeca me fez me enxergar melhor, me abriu os olhos para meu crescimento e para a pessoa em que eu estava me tornando. A jeca, sim, mas que se recusava a deixar para trás sua urbanidade. Seu resquício cosmopolita, tão instrínseco à paulistana que viveu em Tóquio e Nova York. Como abrir mão disso?
Com o tempo percebi que não era uma questão de abrir mão de nada, mas sim de incorporar elementos novos, e filtrar antigos. Fico no meio termo. Como uma amada tia argentina que vive há quase 40 anos no Brasil. Ela se recusou a aprender português, talvez para, assim como eu, não se sentir traindo suas origens, mas deixou de viver o dinamismo de sua língua materna... Criou uma língua própria, quase, e aqui é sempre argentina, enquanto lá, por vezes passa por brasileira... Me vejo nela...
Aqui, sou paulistana, tiram sarro do meu "r" que não enrola e lêem em mim um ar de "ah, ela se acha por que é de São Paulo" que não condiz com o que realmente sou... Mas é assim mesmo.
Lá, já sou meio lerda... Já tiram sarro de mim por que às vezes, na brincadeira, enrolo o "r". Criticam-me pois critico o trânsito, a poluição e os motoboys histéricos que não nos respeitam e a quem também não respeitamos.
Fico no limbo.
Já devo mesmo ser um tanto Jeca. Adoro chegar do trabalho e ir pegar amora, adoro ter que lavar os sapatos das crianças pois estão cheios de terra e adoro ter uma visão 360 graus do sol nascendo.
Mas guardo minha necessidade de movimento urbano. Viajar me acalma, me reconecta. Continuo com a sede de cultura, de um bom museu, de um bom restaurante, de uma caminhada na multidão. Isso me recarrega.
Sei que após tanto tempo sem vir à Jeca, da qual sinto tanta falta quanto hoje sinto da Via Larga, ela está aqui para me ajudar e me pensar.
Aqui sei quem sou.
Inté!
Entrei para escrever sobre algo bastante típico daqui da minha escolhida jequice, a solidão...
Porém acho que um post marco não deve ser triste, mas sim memorável.
Não, não estou me dispondo a escrever algo tão maravilhoso que se torne memorável para as gerações vindouras, mas sim, fazer uma breve recordação (memória, memorável, hã? hã?) deste espaço que me fez tão feliz...
Comecei aqui para lidar com toda a mudança que me aconteceu ao vir para o interior. Em questão de meses me casei, saí de casa, saí do meu emprego, saí da cidade, saí, saí, saí.... Até de carro eu troquei, e me lembro da querida Tânia me dizendo "Não troque de carro, é sua única referência!"... Ah, tá, no que um carro vai me ajudar? Caí em uma tristeza difícil de aguentar, mesmo com a felicidade do casamento...
Escrever me salvou... (e a terapia, claro)
Criar a Jeca me fez me enxergar melhor, me abriu os olhos para meu crescimento e para a pessoa em que eu estava me tornando. A jeca, sim, mas que se recusava a deixar para trás sua urbanidade. Seu resquício cosmopolita, tão instrínseco à paulistana que viveu em Tóquio e Nova York. Como abrir mão disso?
Com o tempo percebi que não era uma questão de abrir mão de nada, mas sim de incorporar elementos novos, e filtrar antigos. Fico no meio termo. Como uma amada tia argentina que vive há quase 40 anos no Brasil. Ela se recusou a aprender português, talvez para, assim como eu, não se sentir traindo suas origens, mas deixou de viver o dinamismo de sua língua materna... Criou uma língua própria, quase, e aqui é sempre argentina, enquanto lá, por vezes passa por brasileira... Me vejo nela...
Aqui, sou paulistana, tiram sarro do meu "r" que não enrola e lêem em mim um ar de "ah, ela se acha por que é de São Paulo" que não condiz com o que realmente sou... Mas é assim mesmo.
Lá, já sou meio lerda... Já tiram sarro de mim por que às vezes, na brincadeira, enrolo o "r". Criticam-me pois critico o trânsito, a poluição e os motoboys histéricos que não nos respeitam e a quem também não respeitamos.
Fico no limbo.
Já devo mesmo ser um tanto Jeca. Adoro chegar do trabalho e ir pegar amora, adoro ter que lavar os sapatos das crianças pois estão cheios de terra e adoro ter uma visão 360 graus do sol nascendo.
Mas guardo minha necessidade de movimento urbano. Viajar me acalma, me reconecta. Continuo com a sede de cultura, de um bom museu, de um bom restaurante, de uma caminhada na multidão. Isso me recarrega.
Sei que após tanto tempo sem vir à Jeca, da qual sinto tanta falta quanto hoje sinto da Via Larga, ela está aqui para me ajudar e me pensar.
Aqui sei quem sou.
Inté!
Garotas super duper prendadas
Hoje eu vim à Jeca para mudar minha lista de links... Eu precisava com urgência adicionar dois sites que PRECISAM ser visitados. Quase uma ordem...
O primeiro é o Super Duper, blog de uma querida amiga que foi minha companheira de "teaching" para os pequenos. Ela, Anne Rammi, uma senhora artista plástica que me ebriu a mente para o mundo criativo. Aprendi HORRORES com ela, e ainda hoje uso com meus filhos dicas que ela me ensinou. Hoje ela é multiseriada... Como todo furacão criativo. O blog Super Duper é um divertido passeio pela maternidade (ela é mãe orgulhosa do Joaquinho, ooops, Joaquim e espera a chegada de mais um) sem ser chato e sem virar aqueles ´cansativos papos de mãe que quem não é tem vontade de enfiar o dedo na goela... Ela é divertida para todos os públicos. Publicou até uma série de como se livrar do vício de empregada doméstica. Rimos. Ponto!
E o segundo é o Garota Prendada, que também tem origens bem pessoais, e bem mais remotas... A revista eletrônica é comandada por 6 moças prendadas, cada qual falando de sua especialidade. Três delas são praticamente família... A Giulliana é amiga da minha irmã desde pequena, e ia comer carne crua e spaghhetti cru em casa. Quando ela chegava eu escondia minhas caixas de Sucrilhos pois ela terminava com uma caixa em uma sentada... Cresceu ali, no nosso seio, e era das poucas amigas nossas que se sentava no colo do meu austero pai e o conquistava! Do outro lado, foi o pai dela, o tio Sérgio que abriu nossos olhos para o dom que a Caia tem de cantar! Ele praticamente obrigou minha mãe a colocá-la em aula de canto. Família de artistas... A Grazi, além de atriz, é bordadeira. A Vanne, estilista MARAVILHOSA, para a qual eu tive a enorme honra de posar. E sob as lentes de quem? Da Simone, que no site vai falar do meu assunto prredileto, a fotografia.
Enfim, dois sites que trazem ternura para nosso dia a dia tão corrido. O humor da Anne e a delicadeza das garotas, são mais uma pequena pílula de respiro de que tanto precisamos...
Vale a visita...
Inté!
O primeiro é o Super Duper, blog de uma querida amiga que foi minha companheira de "teaching" para os pequenos. Ela, Anne Rammi, uma senhora artista plástica que me ebriu a mente para o mundo criativo. Aprendi HORRORES com ela, e ainda hoje uso com meus filhos dicas que ela me ensinou. Hoje ela é multiseriada... Como todo furacão criativo. O blog Super Duper é um divertido passeio pela maternidade (ela é mãe orgulhosa do Joaquinho, ooops, Joaquim e espera a chegada de mais um) sem ser chato e sem virar aqueles ´cansativos papos de mãe que quem não é tem vontade de enfiar o dedo na goela... Ela é divertida para todos os públicos. Publicou até uma série de como se livrar do vício de empregada doméstica. Rimos. Ponto!
E o segundo é o Garota Prendada, que também tem origens bem pessoais, e bem mais remotas... A revista eletrônica é comandada por 6 moças prendadas, cada qual falando de sua especialidade. Três delas são praticamente família... A Giulliana é amiga da minha irmã desde pequena, e ia comer carne crua e spaghhetti cru em casa. Quando ela chegava eu escondia minhas caixas de Sucrilhos pois ela terminava com uma caixa em uma sentada... Cresceu ali, no nosso seio, e era das poucas amigas nossas que se sentava no colo do meu austero pai e o conquistava! Do outro lado, foi o pai dela, o tio Sérgio que abriu nossos olhos para o dom que a Caia tem de cantar! Ele praticamente obrigou minha mãe a colocá-la em aula de canto. Família de artistas... A Grazi, além de atriz, é bordadeira. A Vanne, estilista MARAVILHOSA, para a qual eu tive a enorme honra de posar. E sob as lentes de quem? Da Simone, que no site vai falar do meu assunto prredileto, a fotografia.
Enfim, dois sites que trazem ternura para nosso dia a dia tão corrido. O humor da Anne e a delicadeza das garotas, são mais uma pequena pílula de respiro de que tanto precisamos...
Vale a visita...
Inté!
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